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Capitão Fantástico

(Captain Fantastic, EUA, 2016)
Drama
Direção: Matt Ross
Elenco: Viggo Mortensen, George MacKay, Samantha Isler, Annalise Basso, Nicholas Hamilton, Shree Crooks, Charlie Shotwell, Trin Miller, Kathryn Hahn, Steve Zahn, Van Ee, Erin Moriarty, Missi Pyle, Frank Langella, Ann Dowd
Roteiro: Matt Ross
Duração: 118 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Há algo muito interessante por trás de Capitão Fantástico: o filme trata dos limites da criação parental, da configuração do outro ao seu modo e das tentativas de eliminar influências externas.

A história é a de Ben, pai de seis filhos de variadas idades, que decidiu criar uma comunidade alternativa com a esposa. Isolados de qualquer cidade ou vilarejo, as crianças foram criadas dentro de um padrão muito rígido, aquele que seu pai acreditava ser o melhor para elas. Quando o público é apresentado à história, Ben já está sozinho, pois sua mulher e mãe das crianças, Leslie, está internada por problemas psiquiátricos.

O conteúdo, porém, acaba perdendo lugar para uma estranha vontade de parecer indie e causa uma certa frustração. Há tanto mais a ser explorado, mas o caminho é o da facilidade e o do “alternativo” audiovisual que tem tomado conta do mercado.

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Ainda assim, é um filme que desperta a curiosidade pelos desdobramentos daquela opção/imposição de vida. É curioso ver crianças que não comemoram o Natal, mas sim o dia de Noam Chomsky; que recitam filósofos e discutem literatura como acadêmicos, e, quando estão com raiva, se comunicam em outra língua. Tudo muito inusitado e apenas possível naquela situação específica.

Inevitável que os questionamentos ao que está sendo feito na vida daqueles jovens surjam durante a história, mas a implausibilidade do que se vê cria uma situação paradoxa. Seria aquilo o errado ou o certo? Até que ponto vê-se o erro por já estar inserido em uma estrutura de criação/educação sedimentada? E é justamente por não se prender ao seu ponto mais instigante que o filme perde.

E também vira um paradoxo em si mesmo. Quer ser alternativo, mas repete fórmulas, cores, canções e sequências, enquadrando-se àquilo que já virou um estilo batido há muito. Pensando-se diferente, passa a integrar o conjunto dos iguais, no subconjunto daqueles que dão mais valor à fórmula do que ao conteúdo.

Mas tem qualidades inegáveis, como o elenco infantojuvenil e a atuação inspirada de Viggo Mortensen. É justamente na direção de atores que Matt Ross demonstra o seu ponto mais forte na função de diretor. Cenas como a paixão de Bo e a explosão de raiva de Rellian demonstram a capacidade que ele tem de controlar as interpretações.

Pena que Capitão Fantástico desemboque em cenas batidas e eventos previsíveis. Não há versão de Sweet Chid o’Mine que mude isso.

Um Grande Momento:
Sweet Chid o’Mine.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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