Crítica | Festival

Clever

(Clever, URU, 2015)

  • Gênero: Comédia
  • Direção: Federico Borgia, Guillermo Madeiro
  • Roteiro: Federico Borgia, Guillermo Madeiro
  • Elenco: Hugo Piccinini, Antonio Osta, Marta Grané, Horacio Camandulle, Néstor Guzzini, Soledad Frugone, Santiago Agüero, Ignacio Mendy
  • Duração: 83 minutos
  • Nota:

Grande ganhador do 26º Cine Ceará, o longa-metragem Clever é uma daquelas comédias que contagia quem a assiste com uma história simples, mas complexamente construída por encontros e desencontros de personagens complexos que se encontram ao acaso.

Depois de se divorciar de sua esposa, o instrutor de artes marciais Clever tem uma daquelas regressões psicológicas características de rupturas do tipo. Ele vai se agarrar naquele homem que era antes do casamento, muda de estilo, volta à vida das baladas e compra um carro novo. Em sua vida, tem duas obsessões: a ex-mulher e o campeonato de carros tunados que se aproxima.

Um dia andando pela rua, seu filho vê um carro com desenhos de chamas e ele resolve sair atrás do artista responsável pela costumização. A jornada, que lembra os bons e velhos filmes de shaolin e de western, é cheia de personagens tão esquisitos quanto divertidos.

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Os diretores Federico Borgia e Guillermo Madeiro (Nunchaku) são muito criativos na construção do universo fantástico de Clever. Locais fictícios, como a estranha vila de Las Palmas, e vários personagens vão despertando o riso do espectador aos poucos, sem se deixar levar pelo exagero ou o humor gratuito.

A ideia do filme é antiga, de 2005, quando o personagem de Clever foi criado. Aos poucos a história foi se desenvolvendo, com o roteiro sendo criado a medida em que os personagens surgiam nas pesquisas dos diretores. Tudo de maneira muito equilibrada, sem exageros e com uma fluidez impressionante.

Além do roteiro acertado, Borgia e Madeiro demonstram uma intimidade muito grande com a composição de quadros e com os tempos de cena. Um controle bem efetivo do elenco pela dupla também se destaca. O protagonista Hugo Piccinini (Sr. Kaplan), antigo conhecido da dupla, está bem como Clever, mas o grande diferencial do filme é o fisiculturista sensível vivido por Antonio Osta.

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Osta, diferente da maioria do elenco, nunca havia atuado na vida. Achado do casting, ele sabe como se comportar diante das câmeras e tinha ainda outras qualidades, bem aproveitadas no filme. Outras atuações também se destacam, como a dos atores Horacio Camandulle (Gigante) e Marta Grané, como a curiosa mãe do fisiculturista.

Outros acertos técnicos também chamam a atenção, como a trilha sonora de Ismael Varela. Completamente composta por ele para o filme, também saiu vitoriosa do 26º Cine Ceará. A direção de arte de Gonzalo Delgado Galiana é outra coisa que merece uma atenção a mais.

Com muita imaginação, bem distribuído e com um ritmo acertado, Clever é um daqueles filmes que deixam o público feliz. Um bom motivo para dar boas risadas.

Um Grande Momento:
Picolé.

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[26º Cine Ceará]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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