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Amanda Knox

(Amanda Knox, DNK/EUA, 2016)
Documentário
Direção: Rod Blackhurst, Brian McGinn
Roteiro: Matthew Hamachek, Brian McGinn
Duração: 92 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

No dia 2 de dezembro de 2007, o corpo de Meredith Kercher foi encontrado morto na cidade de Perugia. A violência do assassinato da estudante inglesa, que tinha também marcas de agressão sexual, chocou a cidade italiana e logo ganhou destaque nos jornais do mundo.

A responsável pela descoberta do corpo foi Amanda Knox, estudante estadunidense que dividia o apartamento com Kercher na Via della Pergola. Não demorou para que a jovem, juntamente com seu namorado Raffaelle Sollecito, se tornasse a principal suspeita do crime.

Depois de condenados pelo assassinato, os dois foram presos e cumpriram quatro anos de pena até serem libertados por falta de provas pelo tribunal de segunda instância. Em 2015, a Suprema Corte Italiana isentou completamente os dois de qualquer culpa no crime.

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O documentário Amanda Knox volta à história depois do último julgamento. Fazendo uma rápida descrição da vida de Knox antes de chegar à Itália e falando de sua breve experiência como estudante no país europeu, o filme dá voz à própria acusada para que conte o que ocorreu naquele dia. “Eu sou uma psicopata em pele de cordeiro, ou eu sou você”, sentencia a jovem.

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Embora invista no suspense em seus primeiros momentos, mas sem manter a indefinição por muito tempo, Amanda Knox mira na já conhecida vontade de solucionar casos que acaba enxergando pistas e culpados onde ele inexistem. Assim, une em uma mesma e desconfortável posição investigadores e a imprensa.

Embora a postura e os depoimentos do promotor de acusação, Giuliano Mignini, sejam chocantes, principalmente à medida que fatos da investigação vão mostrando-se mais absurdos, nada se compara aos depoimentos do jornalista Nick Piza. O orgulho que ele demonstra de sua cobertura e do modo como ele transformou Knox em um monstro, divulgando inverdades e apelando para alegorias demoníacas, são de embrulhar o estômago.

Apesar das belas imagens de Perugia e do fato de ter colocado no centro dos depoimentos as contradições entre os dois principais suspeitos e seus principais investigadores, o documentário Amanda Knox segue uma estrutura bastante convencional para histórias do gênero. Depoimentos, imagens de arquivo, trilha sonora de suspense e imagens de manchetes de jornal seguem uma trilha pouco inventiva e empolgante..

Mas tem o seu porquê justamente quando volta-se para o julgamento prévio e para suas consequências na vida das pessoas.

Um Grande Momento:
“Qualquer jornalista faria a mesma coisa.”

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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