Drama
Direção: Nikos Kornilios
Elenco: Aurora Marion, Kostas Arzoglou, Katia Leclerc O’Wallis, Estelle Marion
Roteiro: Nikos Kornilios, Evgenia Papageorgiou
Duração: 104 min.
Nota: 5
O namoro entre o cinema e o teatro é algo que está desde o surgimento da sétima arte. Dos espetáculos filmados nos primórdios partiu-se para adaptações, criações meio híbridas e histórias onde a composição teatral transborda o tema central de um filme e faz parte da composição da trama, como no longa De Mãos Dadas, produção grego-francesa que faz parte da 42ª Mostra de São Paulo.
Na Grécia, um velho ator de teatro doente recebe a visita de suas duas filhas também atrizes e resolve apresentar com elas uma montagem de “Macbeth” que não dera certo no passado. Entre muitos ensaios e poucas conversas a relação rompida dos três vai tomando forma. A mistura dos sentimentos do texto de Shakespeare vai se adequando às ausências de uma existência e a construção das personas torna-se interessante.
Partindo de uma premissa superficial que vê a continuidade da vida no teatro, o medo que motiva Macbeth e a inconstância perversa de sua esposa são acompanhados por uma terceira pessoa que une todas as bruxas e a consciência daqueles que com ela dividem o palco. As fronteiras vão se perdendo e se confundindo.
No centro de tudo, atraindo e repelindo, o teatro. Na terra onde nasceu, nas palavras daquele que o engrandeceu, e contaminado pelo francês, ele encontra-se com o trágico. Uma tragédia que é, ao mesmo tempo, tão pessoal e universal. É pelas rachaduras da arte, do título original, que esse humano aparece.
O jogo de atuações, em duas camadas, é bem elaborado e ganha pontos com a química entre a trinca de protagonistas vivida por Kostas Arzoglou, Katia Leclerc O’Wallis e Aurora Marion, em atuações competentes e entregues.
De maneira natural, o diretor Nikos Kornilios (11 Encontros com meu Pai) trabalha os dois universos, distinguindo-os de maneira pouco invasiva. O roteiro, escrito por ele e por Evgenia Papageorgiou (Kame Koummando) dá tempo a seus personagens e estabelece bem as relações, mas não consegue se manter até o final.
Depois de aceita a dinâmica, os novos elementos não são suficientes para manter o interesse. Os acontecimentos são previsíveis e De Mãos Dadas vai perdendo a força à espera que eles aconteçam. Uma pena.
Um Grande Momento:
A cena das mãos.
Próximas sessões na Mostra:
Dia 25, às 13h40 – Caixa Belas Artes 1
Dia 31, às 17h – CCSP Lima Barreto
Links
[42ª Mostra de São Paulo]