Crítica | Streaming e VoD

Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica

(Onward, EUA, 2020)
Nota  
  • Gênero: Animação
  • Direção: Dan Scanlon
  • Roteiro: Aaron Abram
  • Duração: 102 minutos

Nova empreitada da Disney com a Pixar, Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica estreou em março em alguns cinemas pelo mundo antes da pandemia. Logo depois, chegou ao streaming para o público do Disney + e, no Brasil, para assinantes do Amazon Prime. Como reflexo, o filme animado rendeu pouco menos de 103 milhões nas bilheterias, tendo custado perto de 200 milhões o que representa de certa forma um fracasso comercial.

Mas vamos ao filme em si: anunciado como um épico da Pixar, coube ao roteirista e diretor de Universidade dos Monstros, Dan Scanlon, desenvolver o projeto com a difícil missão de manter o padrão do storytelling do estúdio de animação que neste ano abocanhou mais um Oscar – com Toy Story 4. A ideia parecia atrair de nerds fãs de games e RPGs ao público não tão iniciado, mas ainda assim interessado em histórias aventurescas sobre vínculos familiares e mundos fantásticos. Tendo dois astros na Marvel – Tom Holland e Chris Pratt – dublando os personagens principais, os irmãos meio elfos/meio duendes Lightfoot numa trama cheia de referências à cultura pop e em especial à fantasia de Senhor dos Anéis, A Lenda de Zelda, Harry Potter e League of Legends, seria difícil Dois Irmãos não despertar empolgação.

Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (Onward), 2020

Trazendo o enredo fantástico para um contexto atual – onde, em um mundo tecnológico e acelerado, as criaturas já não usam mais a magia e aprenderam a viver numa rotina sem encantamento -, os irmãos Lightfoot recebem um cajado de bruxo como herança do falecido pai, que apenas o mais velho conheceu. Como era esperado, o chamado a aventura surge e eles empreendem uma quest, cheia de desafios e enigmas para trazer o pai de volta à vida. Inexperientes, eles conseguem fazer o pai reviver parcialmente e a narrativa se torna mais enérgica quando eles precisam ir até um lugar fantástico para completar o feitiço, sendo perseguidos pelo padrasto centauro, a mãe e uma manticora meio amalucada, dona de uma poderosa espada que pode ajudá-los.

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Pena que o enredo parece mais envolvente escrito do que ao longo da duração do filme. O teaser prometia mais até do que esse Dois Irmãos entrega: uma jornada pouco engajada, fornecendo um ou dois momentos bonitinhos no ato final, além de alguns easter eggs pelo caminho. Muito pouco em se tratando de Pixar, da capacidade criativa e de emocionar que os times do estúdio possuem.

Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (Onward), 2020

O que torna realmente difícil empolgar… faltou o deslumbramento que só narrativas fantásticas sabem provocar, deixando a mente fervilhante e a imaginação voando longe. Faltou aquele ingrediente, o pó de pirlimpimpim que tornaria Dois Irmãos realmente inesquecível ou, pelo menos, traria uma sensação familiar daquelas que aventuras maiores-que-a-vida como A História Sem Fim, Parque dos Dinossauros ou E.T. trazem. Falta fascínio especialmente para aos nerds, que acabam com um gosto agridoce, pois o passatempo é bom, mas poderia ser realmente épico.

Um Grande Momento:
negociando a espada com uma réptil velhaca.

Prime Video

Lorenna Montenegro

Lorenna Montenegro é crítica de cinema, roteirista, jornalista cultural e produtora de conteúdo. É uma Elvira, o Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema e membro da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA). Cursou Produção Audiovisual e ministra oficinas e cursos sobre crítica, história e estética do cinema.
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