Crítica | Festival

Fairyland

Flash de memória

(Fairyland, EUA, 2023)
Nota  
  • Gênero: Drama
  • Direção: Andrew Durham
  • Roteiro: Andrew Durham
  • Elenco: Emilia Jones, Scoot McNairy, Nessa Dougherty, Geena Davis, Adam Lambert, Maria Bakalova
  • Duração: 114 minutos

Baseado nas memórias de Alysia Abbott, contadas no livro “Fairyland: A memoir of my father”, o documentário Fairyland, estreia na direção de Andrew Durham, conta a história de um pai solteiro que, após a morte de sua esposa, leva sua filha ainda muito pequena para morar com ele em São Francisco. Assumindo sua homossexualidade e vivendo sua liberdade de maneira plena, Steve precisa aprender a criar uma criança. 

O longa tem boas atuações de Scoot McNairy(Uma Garota de Muita Sorte) e da dupla de Nessa Dougherty e Emilia Jones (No Ritmo do Coração) como a pequena e a jovem Alysia, respectivamente; além da participação de Geena Davis (Ava) como a preocupada e tradicional avó Munca, e Maria Bakalova (Borat: Fita de Cinema Seguinte) como a amiga que tem a vida transfomada. O filme tem os seus momentos, como quando pai e filha têm a conversa mais profunda, mas não consegue estabeler um fluxo que o torne realmente envolvente.

Fairyland
Cortesia Sundance Institute / Tobin Yelland

A sensação é de que ele faz uma colagem de vários momentos importantes, tanto para a comunidade LGBTQIAPN+, com as questões políticas e a dura realidade da AIDS nos anos 1980, como familiares, de uma relação afetiva familiar que tem suas questões, equívocos, desacertos e desconexões, sem que eles encontrem uma ligação realmente eficiente ou funcional. Se a gente se interessa pelo modo natural com que Alysia vai descobrindo o universo do pai e o modo como se afasta dele à medida que associa isso à ausência, cada inserção de passagem que contextualiza Fairyland temporalmente é antinatural.

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Durham acerta, porém, ao evitar romantizar as escolhas para a criação da menina, ainda que destaque que Steve, assim como qualquer outro pai – ou mãe – do mundo, não tem a menor ideia do que está fazendo, e valorizar o mais importante, o amor. Há sequências muito absurdas que não são evitadas, como a da volta para casa sozinha, mas ela também está desconectada, como o resto do filme.

Fairyland
Cortesia Sundance Institute / Kalman Muller

Trazendo uma história sensível e cheia de afeto, é uma pena que Fairyland não funcione tanto como poderia. Mas ainda ficam as boas atuações e alguns diálogos realmente tocantes.

Um grande momento
A conversa no parque

[Sundance Film Festival 2023]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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