- Gênero: Ação
- Direção: Jon Watts
- Roteiro: Chris McKenna, Erik Sommers
- Elenco: Tom Holland, Zendaya, Benedict Cumberbatch, Jacob Batalon, Jon Favreau, Jamie Foxx, Willem Dafoe, Alfred Molina, Benedict Wong, Tony Revolori, Marisa Tomei, Angourie Rice, Arian Moayed, Paula Newsome, Hannibal Buress, Martin Starr, J.K. Simmons
- Duração: 148 minutos
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Um cinema vibrando alegria. Gente aplaudindo, gritando, rindo, chorando… dava para sentir no ar o quanto que as pessoas estavam precisando disso. O quanto eu, você, todos precisávamos. Ver um filme arrasa quarteirão e tão incrustado na cultura pop como as obras cinematográficas que trazem o “amigão da vizinhança” com fãs apaixonados é uma experiência que envolve afeto e diversão.
Os 34 milhões obtidos em alguns dias de abertura por Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, que já sinalizam a maior bilheteria da história dos cinemas brasileiros, dão conta dessa catarse. E sim, nela está o reflexo de uma carência extrema que todos sentiram da experiência coletiva que é estar numa sala de exibição vendo um filme, mas também é a consagração da fórmula Marvel com o fecho da trilogia do Homem-Aranha vivido por Tom Holland numa trama repleta de fan-service, nostalgia e também emoção genuína – por mais que nada surpreendente.
Então vamos ao filme: e ele já começa com aparições anunciadas e vazadas na internet, mas nem por isso menos bacanas, como a de um certo morador de Hell’s Kitchen. A trama segue os eventos de Homem-Aranha: Longe de Casa, com o ingênuo herói adolescente Peter Parker (Holland, cada vez mais parecido mentalmente com a contraparte dos quadrinhos) querendo dar um jeito de fazer as pessoas esquecerem que ele é o Homem-Aranha.
O negócio complica pois, como já anunciado nos trailers, o pedido que ele faz para o Dr. Estranho, aka Senhor Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) não é atendido já que o feitiço sai pela culatra e acaba libertando todos os que sabem que o Homem-Aranha é o Peter Parker – só que em todo o multiverso, um conceito que a Marvel trabalha onde as dimensões são múltiplas e dão origem a universos distintos que coexistem. Jon Watts, diretor de todos os filmes da trilogia, não é conhecido por ser ousado na abordagem do personagem tampouco em querer subverter alguns tropos ou padrões já estabelecidos no universo cinemático da Marvel (como fizeram lá os irmãos Russo em Soldado Invernal ou os Guardiões das Galáxias de James Gunn), mas pelo menos não atrapalha e conta com ótimos atores sustentando seu filme.
Tom Holland está mais a vontade como o nerd que sonha em sair do Queens, subúrbio de Nova York, para estudar no MIT, enquanto se desdobra ajudando a todos. As características mais genuínas do personagem criado por Stan Lee e Steven Ditko estão lá, assim como os aspectos mais soturnos de Peter, que surgem especialmente enquanto ele vai crescendo e sendo testado pela vida. O arquétipo da sombra, materializado em momentos de dor, se apresenta pela primeira vez para esse intérprete em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa e provoca a comoção que se espera, talvez mais até do que naquela cena em que ele desaparece não braços de Tony Stark em Vingadores: Guerra Infinita.
Happy (Jon Favreau) e tia May (Marisa Tomei) também estão de volta, mas as personagens que têm mais relevância nessa sequência são sem dúvida MJ (Zendaya) e Ned (Jacob Batalon). A namorada e o melhor amigo de Peter Parker se tornam seus side-kicks e têm papel fundamental no andamento do plano para devolver os vilões para seus devidos tempos e espaços. Inclusive Ned reserva alguns dos momentos mais hilários já que é fã de Stephen Strange e ao longo da trama pode ficar mais próximo do ídolo.
São várias as surpresas, algumas esperadas e mostradas tanto na saga dos quadrinhos “One More Day” quanto no sucesso animado Homem Aranha no Aranhaverso, mas claro que existe uma nostálgica empolgação em ver três atores que viveram Homem-Aranha em oito filmes solo compartilhando a tela. Provocam catarse as simbologias e metáforas envolvendo tio Ben, Mj, Gwen, tia May – a personagem de Tomei tem também um destaque maior e dá relevância a trama e a jornada do herói, inclusive mencionando a emblemática frase “grandes poderes trazem grandes responsabilidades” nessa nova trilogia. E as aparições e interações do vilões com Peter número 1 (de Tom Holland) são realmente deliciosas, indo do taciturno mas ainda perigoso Dr Octopus de Alfred Molina ao piadista Elektro de Jaime Foxx e tendo como ponto máximo o Duende Verde grandiosamente vivido por Willem Dafoe – cuja expressão sádica é muito mais assustadora do que a máscara.
Com menos de 2 horas e meia de projeção, o que é menos do que a duração de Eternos ou Vingadores: Ultimato, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa se configura como uma volta deliciosa numa montanha-russa de sensações. E já dá saudades de Tom Holland e Zendaya vivendo o romance mais fofo e convincente que se tem transposto dos quadrinhos para o cinema.
Um grande momento
“Apareça Peter Parker”