Crítica | Streaming e VoD

Hypnotic

(Hypnotic, EUA, 2021)
Nota  
  • Gênero: Suspense
  • Direção: Matt Angel, Suzanne Coote
  • Roteiro: Richard D'Ovidio
  • Elenco: Kate Siegel, Jason O'Mara, Dulé Hill, Lucie Guest, Jaime M. Callica, Tanja Dixon-Warren, Luc Roderique, Devyn Dalton, Stephanie Cudmore, Jessie Fraser
  • Duração: 88 minutos

De leviandades também se faz o cinema. Na conta da diversão e do entretenimento, muita coisa se ignora e nem sempre se dá atenção a questões básicas, como a ética. Hypnotic é um suspense sem grandes inovações de fórmula: tem alguém obcecado que vai fazer de tudo para conseguir o seu objetivo, com as mesmas relações paralelas e as mesmas reviravoltas. O que há de diferente então? Ele resolve basear toda a sua trama na hipnose. O vilão é um hipnoterapeuta desvirtuado capaz de controlar suas vítimas e fazê-las chegar a extremos absurdos, inclusive contra a própria vida.

O que o roteiro de Richard D’Ovidio (de Chamada de Emergência) faz, e de maneira muito equivocada, é trazer dados muito elementares da hipnose, dando algum ar de validade para seu discurso, para depois deturpá-lo totalmente. E a questão está não criar con algo, O Escorpião de Jade e Corra! o fizeram, mas nessa intenção de validação. Há, sim, pessoas que usam a hipnoterapia para tratar compulsões, vícios e fobias; há tratamentos que se baseiam no acesso ao subconsciente por meio da técnica, mas não existe o controlar outra pessoa dessa forma. O filme deixa a questão terapêutica, aquela de profissionais especializados, e começa a brincar de reproduzir velhas imagens que a hipnose recreativa, aquela do circo ou a que os amigos — já que o número de pessoas habilitadas na técnica tem aumentado significativamente — fazem no churrasco, marcaram no imaginário popular.

Hypnotic
Eric Milner/Netflix

E o equívoco é só o maior dos incômodos de Hypnotic. Ainda é preciso lidar com a trama previsível, com personagens pouco ou nada convincentes e um emaranhado de eventos mal distribuído ao longo do filme. A direção conjunta de Matt Angel e Suzanne Coote, responsáveis também por Vende-se Esta Casa, se atrapalha na criação da atmosfera, e dificilmente alcança o sentimento que deseja. Eles criam visuais diferentes para os estados de consciência, apostam na iluminação e na trilha para provocar a tensão, investem em uma direção de arte bem marcada pelas cores, mas nada funciona. O longa vai se afundando, como se perdido numa história que não tem cabimento e num formato que já teve o seu tempo de existir, e isso faz uns bons 30 anos.

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O pior é que, tirando a temática absurda, que desta vez ultrapassou aquelas marcas usuais de preconceito de gênero e afins, não sem abandoná-las, esse é o tipo de filme que tem povoado o catálogo da Netflix ultimamente: produções requentadas dos anos 1990, de roteiro raso e produção psedo-elaborada. Aquela coisa de pasteurização massificadora de sempre, mas que talvez não tenha o mesmo alcance em tempos de streaming e suas inúmeras ofertas. E é difícil chegar ao fim de Hypnotic,  uma vez que os eventos vão acontecendo assim como previstos e a abordagem por trás de tudo já te deixou tão desconfortável. Desserviço e desperdício num único play.

Um grande momento 
Nenhum

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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