- Gênero: CAN, HUN, FRA
- Direção: Brandon Cronenberg
- Roteiro: Brandon Cronenberg
- Elenco: Alexander Skarsgård, Mia Goth, Cleopatra Coleman, Jalis Lespert, Amanda Brugel, John Ralston, Jeffrey Ricketts, Caroline Boulton, Thomas Kretschmann
- Duração: 117 minutos
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Areia branca, cérebro morto…
De férias em um resort de luxo, ela, herdeira, ele, escritor fracassado, depois de um casamento para irritar o pai, Em e James Foster fingiam que ainda sabiam se comunicar. Estão ali em mais um daqueles lugares distintos, exclusivos, frequentados pela elite da elite, algo entre The White Lotus e quem sabe o resort nunca visto de Triângulo da Tristeza. Em volta deles, a pobreza, afastada por muitos quilômetros, um forte sistema de segurança e cercas gigantes de arames farpados. Naquele universo paralelo em que estão, só entra mesmo quem pode.
Tudo isso vai ter uma lógica, mas não logo. E vai ser relevante, mas também vai demorar. Afinal de contas, estamos entrando num mundo de Brandon Cronenberg e aquela câmera que girava sem parar antes de nos apresentar qualquer coisa era um prenúncio de que nada estaria no lugar esperado ou devido. Tudo acabou se misturando em Piscina Infinita e, para quem já conhece o diretor, nesse primeiro momento, seguir o caminho é um objetivo maior do que encontrar o sentido de tudo. Ao incômodo leve causado pela comunicação inexistente entre os personagens e o ambiente estranho com as máscaras Ekki, ele acrescenta a dupla Rosemary e Alban Bauer.
Com roteiro do próprio realizador, há padrão e loucura em toda a trama do filme, como se um não pudesse existir sem o outro. Diálogos casuais dão lugar a performances estilizadas, planos tradicionais são interrompidos por experiências estéticas, e as representações saem do ideal para o físico, e explícito. A trama tem uma tênue linha que vai se apagando aos poucos, ora deixando de ser vísivel, ora mostrando que, embora discreta, não deixou de estar ali guiando os acontecimentos por mais absurdos que fossem.
De partida, nada prepara para o plot de Piscina Infinita, a constatação mais absurda da futilidade, ostentação, impunidade e falta de limites. E, para além do absurdo e do choque que ele causa, aquele ambiente é perfeito para que Cronenberg execute seus excessos. Seja na tortura do processo e no delírio que ele causa; na loucura dos viciados, ou mesmo no espaço para o gore das execuções, tudo é levado ao extremo pelo cineasta.
Porém, enquanto a experiência de mergulhar em uma construção sensorial tão forte e tendo uma crítica social igualmente contundente, algo se perde na repetição e prolongamento de situações. A antipatia pelo grupo de triplos As, embora desejada, passa do ponto e toda a histeria daquelas pessoas, assim como uma certa fragilidade na relação de Rosemary e James, causa um afastamento que precisa ser revertido pelos sempre bem empregados subterfúgios simbólico-perceptuais.
O longa conta com atuações de Alexander Skarsgård e Cleopatra Coleman como o casal em crise e Mia Goth como uma espécie de cabeça da gangue e aquela que levou James até onde chegou. Incomoda um pouco ver que esta atriz, justamente depois de Mayday, com seus três filmes seguintes, parece presa a um certo tipo de imagem.
Ainda assim, Piscina Infinita é uma peça de horror corporal que funciona e perturba, exatamente como Brandon Cronenberg queria. Ninguém vai sair ileso da experiência e nem sem pensar naquilo tudo que viu, buscando um sentido e algum tipo de conforto, mesmo que isso leve algum tempo. Embora não supere seu filme anterior, Possessor, essa crítica violenta aos cérebros mortos daquelas areias brancas que passam horas nas piscinas de borda infinita, símbolo maior de seu status, chega onde deveria chegar.
Um grande momento
Execução conjunta