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Invictus

(Invictus, EUA, 2009)
Nota  
  • Gênero: Drama
  • Direção: Clint Eastwood
  • Roteiro: Anthony Peckham
  • Elenco: Morgan Freeman, Matt Damon, Julian Lewis Jones, Patrick Lyster, Penny Downie, Matt Stern, Tony Kgoroge, Patrick Mofokeng
  • Duração: 137 minutos

Quem já me conhece sabe que eu adoro o trabalho de Clint Eastwood como diretor. Vejo em seus filmes uma sensibilidade e uma percepção de beleza difíceis de encontrar hoje em dia. Tudo é tão cheio de carinho e feito com tanto cuidado que não precisei de muitos títulos para me apaixonar e aguardar com ansiedade seus lançamentos.

É verdade que não consigo gostar tanto de Menina de Ouro, por achar que pesa a mão no melodrama mais do que precisava, e nem de A Troca, por seu roteiro e por seu ritmo. Mas outros filmes, como o sensacional Gran Torino, mantém meu interesse e confiança em seu trabalho.

O último filme, Invictus, tinha tudo para dar certo: uma história real de arrepiar, com apelo por seu conteúdo político e por se tratar de um filme relacionado a esportes. Nelson Mandela acabara de sair da prisão, após vários anos, e fora eleito presidente. A nação ainda sofria com o apartheid e o preconceito racial de ambos os lados e ele tinha que arrumar uma maneira de unir seu povo.

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Sede da terceira Copa do Mundo de Rugbi, foi neste esporte, predominantemente praticado por brancos e símbolo do antigo regime, que o presidente sul-africano apostou suas fichas e tentou criar uma identidade nacional.

A boa história é contada sem muita homogeneidade e apesar dos bons momentos, não resiste a alguns clichês. A visita à prisão, as frases motivacionais do capitão durante a final e até a presença infantil do lado de fora do estádio são exemplos de que a vontade de emocionar a platéia acabou fazendo o papel contrário, mas nada é tão grave como a cena do avião que, completamente desnecessária, é embaraçosa.

Algumas passagens também não conseguem mostrar a que vieram. Estão tão soltas que chegam a não fazer sentido e falta aquela conexão, aquele sentido e o peso político que a história tem, mas o filme não consegue acompanhar. A trilha sonora também incomoda, principalmente por parecer estar sempre em todo lugar.

Apesar dos pesares, Invictus consegue se manter. Talvez pelo clima que o jogo da final cause, ainda que exagere nos efeitos sonoros, ou mesmo por aquela sensação que o público sempre tem quando a história contada aconteceu de verdade.

As atuações de Morgan Freeman como Mandela e Matt Damon como o capitão do time, François Pienaar, são boas, mas nada tão grandioso assim como andam alardeando. São corretas e sinceras, apenas.

Uma boa história, na mão de um grande diretor que acabou no meio do caminho e não conseguiu trazer à tona todo o movimento que pretendia ter mostrado.

Daqueles filmes que devem ser vistos sem grandes expectativas e talvez faça mais sucesso com pessoas que têm uma intimidade maior com o esporte, nem tão popular por essas bandas.

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[42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
14 Comentários
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MARIO ASSIS
MARIO ASSIS
15/08/2010 23:13

Assisti ao filme nesse fim de semana, bem depois do lançamento em cinema e dvd, depois da onda de comentários e tudo mais. Gosto de ver filmes assim. Gostei do roteiro por causa do momento histórico que retrata. Só vim ler o que o site falava sobre o filme depois de assisti-lo, mas quanto às cenas desnecessárias concordo plenamente. Toda hora que aparecia aquele menino queria saber o que ele ia influenciar na história. Sobre o avião achei o medo tipo 11 de setembro meio fora do normal (o 11/09 ainda não tinha ocorrido!!!). A atuação do capitão e do Mandela são na média. É aquele típico filme para transformar o mocinho em… mocinho. Agora, só acho que “esqueçeram” de falar da comida “batizada” dos All Blacks na final.

Wally
Wally
11/02/2010 03:08

Não repreendo tais criticas ao filme pois, de certo, ele contém tais imperfeições. Mas achei a direção de Eastwood tão formidável que o filme meio que transcendeu.

Nota 8/10

Ygor Moretti Fiorante
Ygor Moretti Fiorante
11/02/2010 00:39

Acredito que mesmo com os cliches emocionais deve ser um bom filme, concordo com a barra forçada de Menina de Ouro, mas adorei A Troca, o Clint é assim, cinema simples sem malabarismos mas sempre otimo, é um grnade contador de histórias isso sim.

Vinícius P.
Vinícius P.
11/02/2010 00:33

De certa forma achei esse melhor que os últimos filmes do Eastwood, dos quais não sou muito fã, mas realmente poderia ser melhor sem algumas passagens.

Robson Saldanha
Robson Saldanha
10/02/2010 18:25

Tenho boas espectativas sobre esse filme. Aguardar estrear aqui!

Beto
Beto
10/02/2010 16:53

Cecília, achei seu review bem preciso, concordo com tudo que você disse! Abs!
http://umblogdecinema.blogspot.com/2010/02/se-tudo-fosse-tao-simples-invictus.html

Luis Galvão
Luis Galvão
10/02/2010 05:30

Também acho um filme apenas bom do Clint, que consegue recriar uma história que eu não conhecia, mas as exageradas cenas internas, as múscias deslocadas e outras coisinhas não me agradaram muito.

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