Crítica | FestivalFIC Brasília

La Clase

(La Clase, VEN, 2007)

Drama

Direção: José Antonio Varela

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Elenco: Carolina Riveros, Dario Soto, Guillermo Londoño, Asdrúbal Meléndez, Gabriel Rojas, Wilian Cuao, Zair Montes

Roteiro: José Antonio Varela, José Luis Varela, Rafael Antonio

Duração: 90 min.

Minha nota: 4/10

Desgraça é sempre desgraça e é essa a cara que a América do Sul deve ter para o resto do mundo. Em meio a tantas produções interessantes, os filmes escolhidos para rodar o planeta são todos voltados para a pobreza, a seca, as favelas e a violência social. La Clase é mais um dos muitos “favela movies” que rodam por aí (ou por aqui, melhor dizendo).

Uma garota pobre mora em um barraco de três cômodos com mais umas cinco pessoas. Ela vivencia, diariamente a violência da favela em que mora, onde também é professora de música para crianças carentes.

Ao mesmo tempo, no ambiente da orquestra, ela convive com muitas pessoas que vivem em bairros tranqüilos e têm dinheiro para todas as suas necessidades.

O filme, apesar de começar bem, tem dois problemas gravíssimos. O primeiro é de estrutura. Um momento muito agitado faz com que todo o resto vá, pouco a pouco, ficando cansativo e acaba perdendo a atenção dos espectadores. Quando retoma o público, faltam poucos minutos para um final estranho e sem sentido, pois a conexão com o começo está muito longe e já se perdeu.

O segundo problema é o roteiro, ou a interpretação do mesmo pelo diretor. Uma das cenas que pode exemplificar isto é a conversa da protagonista com o maestro da orquestra depois de uma apresentação. Apesar de ser contra spoilers, este aqui é necessário: ela vai se desculpar pela performance. É sabido que uma pessoa que se desculpa fala tudo que tem para falar, a menos que seja interrompida. Na cena ela fala (pausa longa), fala (pausa longa), fala (pausa) e depois de tantas pausas o maestro fala o que todo mundo já sabe que ele vai falar desde o começo da conversa.

Existem outras coisas menos graves, como cenas longas demais (dá vontade de entrar no filme e tomar uma providência enquanto ela leva vários minutos lavando a mão) e muita experimentação sem sentido. Houve também uma falta de cuidado com a veracidade de algumas reações.

De bom, o longa tem a estreante Carolina Riveros e o começo. A nota não fica mais baixa por isso e pela realização de que seria até um filme bonzinho se a ordem dos acontecimentos fosse melhor organizada.

É interessante para que se veja que o estilo “favela movie” não é uma exclusividade dos brasileiros.

Em caso de sono ou cansaço, evite!

Próxima sessão no festival: 09/11, às 15h10.

Um Médio Momento

O fugitivo entra na igreja.


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FIC Brasília 2008

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.

Um Comentário

  1. Olá!!

    Vivi – Até temos filmes assim por aqui, mas ele não são muito cultuados. Sei lá porquê…
    Tomara que um dia isso mude mesmo!

    Kau – Sério? Eu achei fraco demais. Um excelente exemplo de como é possível perder a mão.

    Beijocas

  2. Cecília, eu gostei um pouquinho deste filme hahahahahaha. Mas concordo com o que você disse sobre a transposição do roteiro pelo diretor.

    Bjos!

  3. é uma pena…não vejo o dia em que teremos um filme mais positivista e de maior qualidade na america do sul!
    bjoooooo

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