Crítica | Streaming e VoD

Locke

(Locke, GBR/EUA, 2013)

Drama
Direção: Steven Knight
Elenco: Tom Hardy, Olivia Colman, Ruth Wilson, Andrew Scott, Tom Holland
Roteiro: Steven Knight
Duração: 85 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

O traveling no início de Locke, em frente a um canteiro de obras, pode até causar uma certa preguiça no espectador, mas a sensação causada acaba sendo oposta àquela que toma conta à medida em que projeto simples e envolvente de Steven Knight (Senhores do Crime) avança.

Sem poder falar muito sobre a sinopse, já que a graça está em acompanhar a história contada, vemos um homem que abandona o trabalho e pega a estrada rumo a um lugar desconhecido. Durante quase 90 minutos estaremos com este homem dentro daquele carro, acompanhando aquela jornada, suas motivações e consequências.

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O projeto arriscado deve muito de seu sucesso à participação de Tom Hardy (Guerreiro). Graças a ele, o extremo auto-controle do personagem, seus atos contidos e esporádicos de frustração, angústia e raiva são revestidos de uma veracidade inesperada e funcional, muito melhor do que poderia esperar com uma análise rápida do roteiro.

As outras participações, secundárias, não podem ser vistas, mas apenas ouvidas. As vozes de Olivia Colman (Chumbo Grosso), Ruth Wilson (O Cavaleiro Solitário), Tom Holland (O Impossível) e outros complementam a aura tensa que domina aquele espaço restrito.

Claro que algum cansaço pode aparecer no decorrer da trama, principalmente se há um atenção maior à trama menos emotiva em que o protagonista está envolvido. Embora ela seja igualmente necessária, e sua motivação se revele no final do longa-metragem.

O que o diretor Knight faz com Locke é diferente de toda a tendência do novo cinema americano, onde atuações e roteiro acabam menosprezados, e efeitos visuais e coreografias de luta têm um lugar privilegiado, como se isso fosse a coisa mais importante. Essa realidade pode ser constatada inclusive no lançamento do filme, que passando longe dos cinemas, estreou no Brasil direto no site de streaming Netflix.

Locke é um filme simples, de uma só locação e de um só ator, mas que consegue chegar muito mais longe do que um monte de produções caras que aparecem por aí.

Vale muito a pena conhecer.

Um Grande Momento:
Descrevendo o gol.

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=lxw-5VLM2DA[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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