Crítica | Streaming e VoD

Link Perdido

(Missing Link, EUA, 2019)
Animação
Direção: Chris Butler
Elenco: Hugh Jackman, David Walliams, Stephen Fry, Matt Lucas, Zach Galifianakis, Timothy Olyphant, Zoe Saldana, Amrita Acharia, Emma Thompson
Roteiro: Chris Butler
Duração: 93 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Em tempos de terraplanismo, criacionismo e negação da ciência, é interessante assistir a Link Perdido, animação da Laika indicada ao Oscar. Dirigido por Chris Butler, o longa conta a história de Sir Lionel Frost, um aventureiro que quer de qualquer maneira fazer parte de uma exclusiva sociedade de caçadores ingleses. Essa espécie de clube do chá da caça se reúne para ficar contando seus feitos maravilhosos em caçadas pelo mundo. Acontece que Frost é diferente, ele se interessa por monstros exóticos e, lógico, é chacota no tal clube.

Com uma animação diferente da que costumamos ver por aí, que em seu stop motion mesclou à modelagem manual impressão 3D, surpreende desde suas primeiras cenas no Lago Ness, na caçada ao lendário monstro do local. O filme brinca o tempo todo com as percepções: Frost é um escroque metido a besta, bebendo chá morno enquanto espera, para depois se revelar outra coisa completamente diferente; o monstro tem uma cara bobona para depois também não ser nada disso; o link perdido do título, bom, aí seria spoiler

Mas é no subtexto do roteiro que está mesmo o melhor do longa, aquilo que está por trás de toda a fúria contra a busca do explorador. Em 1859, Darwin afirmava que éramos descendentes de macacos, um absurdo! Não era possível que se deixasse que essa teoria fosse provada com o tal link perdido. Na ficção, a descoberta de Forst provaria esta existência, então, assim como qualquer coisa que mexe com o poder estabelecido, passou a ser um problema a ser resolvido.

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A caricatura da ignorância na imagem de Lord Piggot-Dunceby é tão atual que chega a ser constrangedora: o néscio que mata animais por aí e acha que ter armas e eliminar os inimigos é a solução para todos os problemas. Assim, ele pensa, a verdade vai deixar de existir, e ele seguirá divulgando sua mentira. O pior é que ele tem asseclas que o admiram, que o escutam, que o seguem. E assim nascem, crescem e se espalham essas coisas absurdas que vemos hoje por aí.

O longa também não deixa de criticar o ser humano como um todo pela questão como este trata o meio ambiente. Já que está falando de link perdido e de natureza, evolução, nada mais coerente do que uma chamada nesse sentido.

Com um ritmo ágil e uma boa noção de tensão, Link Perdido se desenvolve bem, embora não tenha fôlego para chegar até o final da mesma maneira que começou, mas ainda assim diverte bem e cumpre o seu papel.

Um Grande Momento:
A galinha.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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