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Neve Negra

(Nieve negra, ARG/ESP, 2017)

Suspense
Direção: Martin Hodara
Elenco: Leonardo Sbaraglia, Ricardo Darín, Laia Costa, Dolores Fonzi, Andrés Herrera, Federico Luppi
Roteiro: Martin Hodara, Leonel D’Agostino
Duração: 90 min.
Nota: 4 ★★★★☆☆☆☆☆☆

Thrillers cheios de reviravoltas não faltam no cinema e, sem dúvida, há bons exemplares deste tipo de surpresa ao espectador. Não é o caso de Neve Negra que, embora consiga fazer o mais difícil, que é envolver quem o assiste em seu clima seco e pesado, fracassa na mudança de direção de trama na qual aposta todas as suas fichas.

Com um elenco que reúne a trinca Ricardo Darín (Elefante Branco), Leonardo Sbaraglia (O Silêncio do Céu) e Dolores Fonzi (Paulina) como três irmãos, o longa-metragem conta a história de uma família que se reencontra depois de um longo tempo. Marcos, agora morando na Espanha, volta à Argentina para resolver pendências com a morte do pai. Entre elas, a da velha cabana na Patagônia que precisa ser vendida. Porém, Salvador, o irmão mais velho, recluso e estranho, não pensa em deixar o local. Há ainda todo o problema de saúde de Sabrina, que se encontra internada.

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Utilizando-se de elementos convencionais do gênero, o filme constrói uma tensão eficiente, cheia de silêncios desconfiados e com uma história que, claramente, não está próxima de sua completude, o que sempre é positivo para o gênero. Até mesmo o modo como faz uso de flashbacks, que permeiam todo o filme, não deixa de ser eficiente.

A clara dedicação a essa criação de clima, porém, não pode ser percebida no desfecho da história. O roteiro de Martin Hodara (Nove Rainhas), que também assina a direção, e Leonel D’Agostino apresenta uma motivação que ambos não têm coragem de enfrentar, e, pior, entrega a uma personagem – justamente aquela com o desenvolvimento insuficiente – a tarefa de solucionar todas as questões do longa.

Por mais que vários títulos do gênero consigam se manter sem grandes questões filosóficas, sociais e humanas por trás deles, o fato de querer suscitar algo, e simplesmente não ter a coragem para começar a desenvolver o tema, dá a Neve Negra uma fragilidade que só subtrai. Isso sem falar na preguiça que toma conta de tudo – principalmente roteiro e atuações – quando mais se precisaria de uma dedicação criativa.

Um Grande Momento:

Conhecendo Salvador.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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