Crítica | Outras metragens

O Jardim Fantástico

(O Jardim Fantástico, BRA, 2020)

  • Gênero: Ficção
  • Direção: Fábio Baldo, Tico Dias
  • Roteiro: Fábio Baldo
  • Elenco: Thaia Perez, Roberto Alencar, Ana Pereira, Ellen Regina, Yasmin Faquet, Eliza Keiko, Nina Eugênio Flores, Jullia Cosmo, Pedro Henrique Lima, Marcelo Gobbis, Leonardo Lovantino, Manuella Zanotto, Betina Costa, Gabriel Hector, Mário Oliveira Jesus, Zahy Guajajara, Luiz Felipe Jesus
  • Duração: 20 minutos
  • Nota:

Difícil encarcerar uma obra que se entende tão múltipla de elementos, possibilidades e significados quanto O Jardim Fantástico em uma definição única e pré-concebida. As intenções da dupla de diretores Fábio Baldo e Tico Dias se entendem como muito mais sensoriais e emocionais que didáticas, e por isso abrirão formas nada definitivas de pessoa pra pessoa, e a verdade é que essa multiplicidade de conclusões é um dos inúmeros charmes dessa produção tão absolutamente brasileiras, mas com sabores universais quanto aos sentimentos empregados em sua geografia emocional.

Baldo e Dias já tem uma parceria em curtas anteriores (como Geru), mas especificamente o primeiro esteve ao lado de Sérgio Andrade em Antes o Tempo não Acabava, longa que ecoa de muitas formas nesse novo filme, em cartaz no Kinoforum. Aqui, suas tintas multiculturais são amplamente misturadas em etnias, cores e origens para possivelmente entender o Brasil como esse palco onde o entendimento precisa passar obrigatoriamente por uma espécie de inocência primal; não importa o lugar de onde reverberem as falas quanto houver empatia e doação.

No caldeirão onde são misturadas as vozes de seus povos fundadores, o Brasil de saídas fabulosas que está na pauta do filme se compreende e se abraça em busca de uma conexão que não dependa da unificação de olhares ou de dogmas; o ser fantástico que é possível nessa atmosfera é internalizado pela pureza infantil que não julga muito menos condena. Há espaço nesse universo para uma absorção do outro que vá além do que é semelhante à nós em cor – a aceitação tem que ser geral, ou não é aceitação.

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Quando é escolhida uma atriz de origem indígena para representar a professora, o acaso não está se fazendo presente. Quem, se não os índios, podem ensinar num país habitado inicialmente pelos mesmos? É através do conhecimento que ela já tem a respeito do mistério que o futuro poderá frutificar suas mensagens – é o povo inicial fazendo a ponte com um futuro onde a compreensão do que não é nosso igual será a chave para a evolução.

Com uma visão poética e metafórica sobre a igualdade necessária para a sobrevivência, O Jardim Fantástico nos leva rumo à uma emocionante viagem ao nosso destino empático: em um abraço caberão várias galáxias de evolução emocional.

Um grande momento
O abraço.

[31º Curta Kinoforum]

Thaia Perez, Roberto Alencar, Ana Pereira, Ellen Regina, Yasmin Faquet, Eliza Keiko, Nina Eugênio Flores, Jullia Cosmo, Pedro Henrique Lima, Marcelo Gobbis, Leonardo Lovantino, Manuella Zanotto, Betina Costa, Gabriel Hector, Mário Oliveira Jesus, Zahy Guajajara, Luiz Felipe Jesus Fábio Baldo, Tico Dias

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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