(Ostinato, BRA, 2021)
- Gênero: Documentário
- Direção: Paula Gaitán
- Roteiro: Paula Gaitán
- Duração: 56 minutos
Você sabe o que é música dodecafônica? E quem foi Arnold Schoenberg? E porque seriam necessárias as respostas a essas questões para compreender Ostinato?
O documentário-experimento-teste de Paula Gaitán desafia, ao longo de pouco menos de uma hora, a paciência através da repetição da máxima de que o cantor e compositor Arrigo Barnabé é um gênio. Bom, segundo muitos (ou poucos, mas ainda assim) ele o é. Mas é ao ponto de render um filme? Ou o filme teria que servir ao propósito de despertar o fascínio do biografado pra o público, independente deste ser chegado ou não a música erudita popular?
Difícil conectar a um filme documental que obstinadamente busca a dissonância pela repetição mas sem que isso se apresente de forma inventiva em sua artesania audiovisual. Obstinar é insistir repetidas vezes em ver Ostinato até o fim, numa letargia tamanha que é impossível evitar que o caderno na varanda voe – mesmo prevendo que é o que vai acontecer.
Talvez uma nota dissonante na filmografia de Gaitán, a grande homenageada na Mostra Tiradentes 2021 e que está causando alvoroço com Luz nos Trópicos (também na programação), Ostinato é menos um filme a serviço de seu personagem, sua conexão vital com a música e de que maneira essa visceralidade é poeticamente traduzida em cinema (Nelson Freire, de João Moreira Salles), e mais um pretenso acompanhar dialogando com o criador de “Clara Crocodilo” – talvez o que será de nós segundo governo fascista antivacina? -, que na verdade padece de uma preguiça inominável, seja na pesquisa ou no desenho narrativo, em buscar um caminho pavimentado até a mente de Arrigo.
Um grande momento
Papo na loja de vinis