Crítica | Streaming e VoD

Uma Linda Vida

Tudo no lugar

(A Beautiful Life , DIN, 2023)
Nota  
  • Gênero: Drama, Romance
  • Direção: Mehdi Avaz
  • Roteiro: Stefan Jaworski
  • Elenco: Chistopher, Inga Ibsdotter Lilleaas, Christine Albeck Børge, Ardalan Esmaili, Sebastian Jenssen, Paw Hanriksen
  • Duração: 98 minutos

Um filme como Uma Linda Vida me lembra como era bom os anos 1990, minha adolescência, onde vi nascer inúmeros títulos que funcionavam como veículos para seus astros, e nem importava se eles eram bons ou não. Tipo Dias de Trovão para o Tom Cruise, Tudo por Amor para a Julia Roberts, Invasão de Privacidade para a Sharon Stone ou Falando de Amor para a Whitney Houston. Exatamente esse último me faz lembrar o lançamento da Netflix, sob medida para o astro pop dinamarquês Christopher se lançar no mercado audiovisual. E não é que o rapaz manda bem como ator? Além de muito bonito e carismático, a história bastante triste de seu personagem, o pescador órfão Elliott, é o suficiente para atrair o público que não sabe quem ele é. 

Não atrapalha nada que o título parta de uma fórmula já vista tantas vezes, mas que raramente dê errado: um rapaz é encontrado quase que por acaso por uma empresária musical, viúva de um dos grandes astros da Dinamarca, e mãe do que é a produtora em ascensão. Desse encontro inusitado, o moço que trabalha no porto começa a ser monitorado para transformar-se na próxima estrela do país, e obviamente vai se apaixonar pela jovem produtora. Tem uma pitada de Nasce uma Estrela, um tanto de Apenas uma Vez, e o carisma generalizado faz o trabalho final, em um produto muito gostoso de assistir. Ainda que já tenhamos visto tudo isso algumas muitas vezes, é a qualidade do material apresentado aqui que conquista o espectador. 

Uma Linda Vida
Martin Dam Kristensen/Netflix

Como trata-se de uma produção capitaneada por um cantor e compositor, Uma Linda Vida deveria contar com uma trilha sonora daquelas bem chiclete… e conta. ‘I Hope This Song is For You’ é só a principal delas, mas horas depois de acabada a sessão, ela ainda tá aqui na cabeça. É trilha pop da melhor qualidade, com músicas que nos apresentam o personagem Elliott, e também o artista Christopher para quem não conhece, e aí faz todo sentido que tenham apostado forte nele para essa estreia. Segurando as pontas nos dois lados que se propôs, esperamos já contar com novos títulos envolvendo seu nome, e não precisar temer pelo resultado, ao menos no que depender dele. Há potencial de sobra tanto em suas capacidades, quanto no filme em ser mais um sucesso do streaming. 

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O diretor Mehdi Avaz há pouco tinha entregue um título tão gostoso quanto esse, Toscana. Mais uma vez ele acerta o tom no que lhe foi designado fazer, e mantém a qualidade no lugar em uma produção acima da média que abrange qualquer público. Embora pareça fácil pela quantidade de produtos que lança, é cada vez mais difícil hoje chamar atenção dentro da caçamba de filmes que é despejada semanalmente pelo streaming, disputando atenção entre várias plataformas, com lançamentos de vários países. Uma Linda Vida (título ruim né, mas na última sequência ele se justifica e nos deixa emocionados) é uma produção modesta no sentido de ter chego ao menos no Brasil com ambições bem pequenas, mas que se mostra superior ao grosso do que é entregue. 

Uma Linda Vida
Martin Dam Kristensen/Netflix

A produção por si só é toda muito bonita, atraente, um filme de visual chamativo, nada fora do comum, mas que larga na frente porque sabe vender seu produto com um pacote muito ilustrado. Não escapa dos clichês tradicionais, como o amigo que entende que teve sua oportunidade roubada e volta amargurado e ameaçador, mas que mesmo isso é embalado com propriedade. Uma Linda Vida não foge do que imaginamos a cada nova cena, podemos transcrever cada linha de diálogos e eventos com alguma antecedência, depois de compreender o todo. Mas há sinceridade de sobra no filme, cujos atores correspondem ao que é exigido deles a todo momento, com adequação estética e emocional, lendo muito bem seus lugares no campo. 

Além de tudo, Uma Linda Vida compreende os laços familiares que estão na roda. Seus protagonistas perderam os pais e precisam lidar com um espaço que não foi ocupado por outra pessoa; a relação entre Lilly e sua mãe Suzanne é ríspida no ponto certo, e acaba por definir os rumos de cada emoção em tela. Como se vê, apesar de nunca querer ir além do básico, esse novo sucesso da Netflix entrega muito mais diversão e qualidade do que poderíamos imaginar, ainda que tudo dentro do esperado. 

Um grande momento

A entrevista final, e o intimismo posterior

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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