Crítica | Streaming e VoD

Ponto Vermelho

(Red Dot, SWE, 2021)
Nota  
  • Gênero: Suspense
  • Direção: Alain Darborg
  • Roteiro: Alain Darborg, Per Dickson
  • Elenco: Nanna Blondell, Johannes Kuhnke, Anastasios Soulis, Kalled Mustonen, Thomas Hanzon, Anna Azcárate, Tomas Bergström, Melvin Solin
  • Duração: 86 minutos

Com estrutura batida, onde cenas apresentam a situação final para depois contextualizar o espectador, Ponto Vermelho é um daqueles filmes de ação que funciona durante seus momentos de tensão e sabe se aproveitar dos elementos para causar a aflição para causar a apreensão necessária. Muito baseado no não visto, na angústia da neve e na urgência da fuga, estabelece uma tensão eficiente e sabe trabalhar com isso, mas se atrapalha na tentativa de criar uma trama de vingança mais elaborada.

Dirigido pelo sueco Alain Darborg, que também assina o roteiro ao lado de Per Dickson, o filme volta um ano e meio na história de Nadja e David para encontrar seu motivo principal e, sem se preocupar com aspectos importantes, como a lógica interna dos personagens, mistura culpa e rotina para chegar onde quer: a reviravolta pouco crível, com direito a flashback e aquelas soluções gratuitas que chegam apagando todo um percurso de personagens e eventos criados para desviar a atenção.

Ponto Vermelho

Um dos problemas de Ponto Vermelho é que ele quer ser mais do que um filme de ação e isso acaba chamando atenção para todos os seus defeitos. Questões de um casamento em crise, onde as diferenças de um casal se destacam e uma gravidez inesperada é descoberta, e questões sociais, como o preconceito racial, que se tenta abordar sem muito sucesso, chegam para acrescentar à história de perseguição. Mas nada que consiga ter relevância ou fazer muito sentido.

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No mal-ajambrado das pistas falsas que levam os espectadores até os pontos vermelhos do título — as marcas das miras a laser — na aurora boreal no norte da Noruega, o que interessa está no miolo do filme: as cenas de perseguição. O filme é muito bom na construção da atmosfera e na manipulação do som e da luz, e aí, em sua urgência, na busca por locais seguros e pelo desfecho da fuga, encontra o local que deveria ser o ter sido o seu principal foco de dedicação desde o princípio, sem que tanto tempo fosse investido em outras mirabolantes tentativas.

Ponto Vermelho

Podia ser a mesma história, mas você pode contar a mesma história pontuando aquilo que precisa rapidamente, dando atenção ao seu ponto forte. Ponto Vermelho seria um filme muito mais interessante se quisesse ser mais básico, fiel ao seu gênero e prestasse atenção ao que realmente interessa.

Um grande momento
Se perdendo na neblina

Ver “Ponto Vermelho” na Netflix

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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