(Primeiro Carnaval, BRA, 2020)
- Gênero: Ficção
- Direção: Alan Medina
- Roteiro: Alan Medina
- Elenco: Juliana Mesquita, Lisete Garcia, Rafael Maia, Isaac Oliveira, Luiza Mesquita Maia e Bloco Achados in Perdizes
- Duração: 5 minutos
A Mostra Tiradentes 2021 tem apresentado em sua edição curtas metragens de duração muito diminuta, onde uma ideia muito simples é caracterizada da maneira mais veloz possível, sem prejuízo nas obras e contando assim passagens muito bem articuladas de cinema. Não se trata de filmar esquetes vazias e sem importâncias, mas de ser sucinto no que quer contar. É o caso desse Primeiro Carnaval, um filme singelo sobre uma fase das mais cruéis dependendo da inclinação da realidade de cada um, a infância.
Deslocado no tempo para um passado onde os conceitos de representatividade em qualquer instância ainda eram meros sonhos, o filme opta por transportar sensações ao espectador, deixando a narrativa muda correr pela via da sensibilidade. Tudo são instantâneos de um tempo longínquo, onde a compreensão não tinha alcançado os lugares pretendidos, mas cujo amor e pureza poderiam ser facilmente as respostas para acessar lugares distantes em aproximação e empatia.
Um núcleo familiar aparentemente padrão está em primeiro plano, em espécie de celebração de uma época mais singela, onde o carnaval se bastava entre uma dúzia de foliões que não atrapalhavam um fim de tarde de domingo. Do radinho de pilha a camisa do Fluminense, tudo ressoa na direção de arte, encantando quem acreditava estar diante de um produto meramente emocional. Não, a direção de arte de Tatiana Oliveira reconta o tempo sem precisar de legenda ou cartela – somos arremessados literalmente em algum lugar de 40 anos atrás, e nesse recorte renovamos nossa esperança.
Alan Medina, diretor e roteirista, realiza com graça seu filme à prova de corações de pedra. Sua tarefa simples é cumprida com louvor: lançar luz sobre a primeira experiência de uma criança com sua verdade interior, com sua pulsação e com os entreveros que virão ao longo do tempo. Ali, ainda há a proteção de um casal exemplar de pais vividos por Juliana Mesquita e Rafael Maia com um semblante dos mais carinhosos, onde compreendemos de cara seus lugares na educação daquele filho.
Um deslize em um ponto nevrálgico da narrativa, incluindo uma espécie de vilã que julga com os olhos da sociedade as escolhas do protagonista, arranha a singeleza da narrativa quase colocando uma desnecessária mensagem moral a respeito do futuro em uma produção que exala segurança para filmar e entregar seu miniconto com beleza e inocência. É um ponto menor em uma produção tão delicada como Primeiro Carnaval, realçando a decupagem de Medina e colocando seu nome em um lugar de “atenção”, para o futuro.
Um grande momento
Revelando o figurino