- Gênero: Documentário
- Direção: Pippa Ehrlich, James Reed
- Roteiro: Pippa Ehrlich, James Reed
- Duração: 85 minutos
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Cabo da Tormenta, África do Sul. Nesse local de beleza avassaladora, o fotógrafo da natureza, também documentarista Craig Foster, tem seu encontro ao longo de 324 dias com um polvo documentado pela dupla de cineastas Pippa Ehrlich e James Reed.
A relação de amizade se estabelece no fundo do oceano com uma polvo fêmea comum mas dotada de uma grande empatia da espécie octopus vulgaris, cujos ensinamentos transformam a vida do homem. Ela lembra Paul, o polvo residente no Aquário Marinho de Oberhausen, na Alemanha, que fez sucesso ao prever conhecido no mundo inteiro por “prever” os resultados dos jogos da Seleção Alemã de Futebol no Mundial de 2010, realizado, veja só, na África do Sul.
A princípio assustada, ela não sai da toca mas, com o passar das semanas, se sente confortável para dar passeios, andar pela areia ou caçar caranguejos e lagostas sob o olhar curioso da câmera subaquática de Foster. Para ele, ela revela seus truques como a camuflagem, a armadura feita de conchas e as diferentes substâncias que exala. Logo Foster vai, mesmo sem querer, compreendendo que é preciso proteger a floresta vitalícia de algas e sua amiga.
Como nos filmes de Jacques Costeau as imagens do fundo do mar comovem. O encantado é sublimado pelo pavor quando a “polvo” tem que escapar dos tubarões-tigre ou dos ofiúros (espécies de vermes-do-mar) que são parte de sua vizinhança marinha. Na natureza selvagem, ela tem que sobreviver aos ferimentos provocados por um tubarão em um de seus tentáculos enquanto que seu observador se acha insensível por não conseguir interferir para ajudar ou apontar o caminho de volta, quando a pobrezinha sobe à superfície e se refugia em meio às rochas. Difícil não sentir o cheiro do medo do outro lado da tela, torcendo para que a protagonista sai dessa situação.
O que se esperar dos animais?
Para além do fascínio pelas criaturas marinhas, da conexão entre o fotógrafo dublê de biólogo e a “polvo” — intensificada pela trilha sonora edificante — Professor Polvo falha em filosofar sobre alcançar o equilíbrio entre as espécies e sublimar a entropia que envolve o ecossistema e a humanidade. Por isso está mais para um documentário do Animal Planet do que uma obra que investiga a zoologia e a antropologia como um ethos social fascinante — O Homem Urso, de Werner Herzog por exemplo.
Mas assim como o ciclo da vida é infinito na natureza o filme se encerra com o acasalamento da “polvo” professora e outro de sua espécie, para que parte de sua alma permanece em seus ovos que irão eclodir assim que seu corpo de molusco parar. Foster se desespera ao pensar no que vai fazer depois que ela se for. À semelhança com as jornadas para perpetuação dos pinguins imperador, que marcham da Antártida até um território mais quente para chocar seus ovos, a heroína desse documentário parte o coração de seu amigo-observador ao deixar os necrofágos se apossarem de si enquanto os milhares de ovos vivem em segurança no esconderijo abissal.
Um grande momento
De carona no tubarão