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Saint Laurent

(Saint Laurent, FRA/BEL, 2014)

Drama
Direção: Bertrand Bonello
Elenco: Gaspard Ulliel, Jérémie Renier, Louis Garrel, Léa Seydoux, Amira Casar, Aymeline Valade, Helmut Berger, Micha Lescot, Valeria Bruni Tedeschi, Valérie Donzelli, Jasmine Trinca, Dominique Sanda
Roteiro: Bertrand Bonello, Thomas Bidegain
Duração: 150 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

A história de um dos mais importantes e influentes estilistas do mundo, Yves Saint Laurent, chega mais uma vez nos cinemas. Só neste ano, o ícone da moda teve duas biografias lançadas, a de abril, dirigida por Jalil Lespert e a de novembro, dirigida por Bertrand Bonello (L’Apollonide – Os Amores na Casa de Tolerância). Este resolveu contar um outro recorte da história do homem criatívo e melancólico que fez de seu nome uma das marcas mais perenes da atualidade.

A primeira coisa que fica do longa-metragem de Bonello é seu apuro estético. O figurino, como não poderia deixar de ser, é o ponto alto e vem acompanhado de um cuidado extremo com cores e luzes em cenários impressionantes. Enquanto isso, a trilha sonora complementa o ambiente fazendo a contraposição entre o moderno e o clássico, compondo assim mais uma faceta de seu protagonista.

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É entre extremos que o roteiro se desenvolve, entre tensões e momentos de puro prazer e entre pressões e alucinações. As paixões de Saint Laurent e o abuso das drogas estão presentes, assim como as conexões do estilista com outros artistas e a dependência de algum deles.

A atuação de Gaspard Ulliel (Anjo da Guerra) como o jovem Yves é tão magnética quanto tudo o que se está vendo na tela. Nas sutilezas de olhares vagos e de uma carência latente, é impossível não se apegar àquela figura. Uma das grandes qualidades do filme, este acaba sendo um de seus problemas. O roteiro não linear, que vai e volta no tempo a todo momento, em determinado momento faz com que a interpretação de Ulliel se intercale com a de Helmut Berger (Violência e Paixão).

Mesmo que Berger faça um bom trabalho, a diferença de atuação e composição de personagem é gritante e prejudica o andamento do filme. Principalmente porque isso começa a acontecer depois da metade de um filme que tem 150 minutos de duração. Ou seja, a partir de um certo ponto, quando tudo o que puder aparecer de negativo vai aparecer com muito mais facilidade.

Diferenças à parte, o filme ainda conta com nomes como Jérémie Renier (O Silêncio de Lorna), muito bem como o parceiro de toda vida de Saint Laurent, Pierre Bergé; Louis Garrel (Amantes Constantes), como o bon-vivant Jacques de Bascher, e Lea Seydoux (Azul É a Cor Mais Quente) como a fiel escudeira Loulou de la Falaise. Por trás das câmeras, merecem menção as contribuições de Katia Wyszkop (Potiche – Esposa Troféu e Adeus, Minha Rainha) no desenho de produção e de Anaïs Romand (L’Apollonide e Holy Motors) no figurino.

Se fosse um filme feito por Yves ele talvez se incomodasse muito com a falta de perfeição, mas não deixa de ser uma bela homenagem a esta figura curiosa e marcante. E além do personagem, é um deleite para os sentidos.

Um Grande Momento:
Transformando a cliente.

Saint-Laurent_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=JEQJ-kkR3LA[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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