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Sobrenatural: A Última Chave

(Insidious: The Last Key, EUA/CAN, 2018)
Terror
Direção: Adam Robitel
Elenco: Lin Shaye, Leigh Whannell, Angus Sampson, Kirk Acevedo, Caitlin Gerard, Spencer Locke, Josh Stewart, Tessa Ferrer, Aleque Reid, Bruce Davison
Roteiro: Leigh Whannell
Duração: 103 min.
Nota: 3 ★★★☆☆☆☆☆☆☆

Em 2010, sob as mãos de James Wan, chegava aos cinemas Sobrenatural. O longa-metragem de terror acima da média de outros títulos gênero fez algum sucesso e isso foi o bastante para que se seguisse a tendência atual: nascia ali uma nova franquia. A qualidade foi decaindo com os lançamentos subsequentes, até chegar ao quarto lançamento, o fraquíssimo Sobrenatural: A Última Chave, que estreia hoje nos cinemas brasileiros.

Desnecessário depois de três filmes com a mesma temática, o longa é um prequel que acompanha o retorno da paranormal Elise Rainier à casa onde ela passou sua infância e descobriu como se conectar ao outro lado. Depois de um prólogo promissor, porém, o que se vê na tela é um emaranhado de equívocos.

Além de falhar no ritmo e em qualquer conexão que tente estabelecer entre os eventos mostrados, o longa é frágil em suas motivações. Não há como acreditar ou ter empatia por aquilo que a protagonista experimenta.

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Diferente dos anteriores, o filme atua em várias frentes e tenta voltar-se ao suspense de resgate – quando o sobrenatural atua para solucionar uma situação real – sem conseguir definir muito bem que caminho quer seguir. Embora construa toda a sua narrativa em cima disso, uma trama acaba engolida pela outra e deixa a sensação de incompatibilidade entre ambas.

Paralelamente, o roteiro de Leigh Whannell (Jogos Mortais) ainda procura espaço para a construção de um melodrama familiar sem muito cabimento. Algo que só se torna necessário para apresentar o quinto elemento que será fundamental ao desfecho do longa.

Há problemas também na construção temporal da trama, recheada de flashbacks ineficientes e, por vezes, óbvios, para que os eventos possam acontecer. É assim, baseada em personagens mal construídos e/ou ocasionais, na explicação excessiva e em outros recursos preguiçosos, que a narrativa chega ao final.

O que seria ruim naturalmente, aqui, pela falta de parcimônia, torna-se péssimo. E não há paradoxo temporal ou qualquer outra tentativa que consiga resgatar o espectador antes do longo e desnecessário desfecho, que tenta dar conta de todas as pontas que foram sobrando no caminho.

O difícil é encontrar algo não saia errado. Ainda que Adam Robitel (A Possessão de Deborah Logan) pense e execute planos interessantes, eles estão perdidos em meio a várias obviedades visuais. O mesmo pode ser dito de alguns bons momentos de suspensão, que também restam fracassados na profusão de sustos ineficientes que os seguem.

Assim, Sobrenatural: A Última Chave é a realização de que toda franquia que nasce promissora pode ter um fim desastroso. Fim não, porque o filme deixa aberta a possibilidade de mais uma sequência. Apenas desnecessário.

Um Grande Momento:
O prólogo.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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