Crítica | Streaming e VoD

Meu Nome é Vingança

Perda de tempo

( Il Mio nome è Vendetta, ITA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Policial
  • Direção: Cosimo Gomez
  • Roteiro: Cosimo Gomez, Sandrone Dazieri, Andrea Nobile
  • Elenco: Alessandro Gassman, Ginevra Francesconi, Remo Girone, Alessio Praticò, Marcello Mazzarella, Sinja Dieks, Mauro Lamanna, Gabriele Falsetta
  • Duração: 90 minutos

Com provável inspiração em produtos como John Wick e Busca Implacável, o braço italiano da Netflix coloca no mercado algo como esse Meu Nome é Vingança, que tenta beber na fonte desses filmes, sem as qualidades estéticas do primeiro e com todo o descompromisso do segundo. O resultado extrapola os limites de ser genérico, e talvez por isso mesmo já esteja fazendo bastante sucesso na plataforma. Muitas vezes, o público está na disposição de encarar algo absolutamente irrelevante, que não o faça pensar nem que ele tire os olhos da tela. Em uma hora e meia, cessada a exibição, começa a contagem regressiva para o tempo do esquecimento, muito mais rápido do que de costume. 

A premissa não poderia ser mais chupada de todos os veículos possíveis: uma família feliz é interrompida pelo assassinato da mãe, provocando a fuga de pai e filha. O homem, em identidade falsa, reconstruiu sua vida depois de matar o filho de um chefão do crime, ele também envolvido com tal área. Agora reencontrado, uma caçada a ele colocará em risco a filha que não sonha com o passado do pai. Tudo é um amarrado tão forte de situações já repetidas vezes encenada que me pergunto sobre o esforço de assistir esse filme novo, tendo consciência de que nada é muito recompensador. É mais uma grande desculpa para prender o espectador na frente do streaming de maneira vazia e limitada. 

Meu Nome é Vingança
Emanuela Scarpa/Netflix

A partir daí, o vazio. É uma imensa repetição de cenas, clichês, exposições narrativas e convenções estéticas, tudo sem qualquer imaginação. Mesmo a violência, que às vezes chega a extrapolar o lugar comum, não tem personalidade. Meu Nome é Vingança é um projeto altamente derivativo sem um suspiro de originalidade sequer, o que nos faz constantemente perguntar sobre a validade não apenas da produção, como do ato de estar assistindo tal trabalho. Não se trata de uma produção mal feita, mas de uma ideia genérica que não faz questão de deixar de sê-lo; seguimos por hora e meia para chegar exatamente nas mesmas conclusões e dar razão a quem acusa a Netflix de não ousar ou procurar algo parecido com identidade nessas produções-padrão.  

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Lá muito pelas tantas, mas muito mesmo, Meu Nome é Vingança lança no ar um resquício do que teria sido, se algumas ideias fossem apresentadas antes e desenvolvidas a contento. Dois personagens com alguma inocência em relação aos atos que as duas famílias insistem em deflagrar uma contra a outra passam a ser observados com algum afinco, a título de confrontar tais posições suas dentro do jogo. É um sabor levemente diferenciado em relação a tudo que vinha sendo apresentado até então em cena, em uma virada de personagem que lembra a trajetória de Michael Corleone. Infelizmente já estamos nos 35 do segundo tempo quando tais eventos se anunciam, e já não faz mais sentido tornar um filme tão medíocre em algo interessante. 

Meu Nome é Vingança
Emanuela Scarpa/Netflix

Meu Nome é Vingança, cujo sucesso que está fazendo na Netflix pode assustar com o que pode vir na sequência, é uma daquelas pedidas para quando absolutamente tudo tiver sido visto. Não incomoda sua porção genérica per se; temos um filme ágil e divertido acontecendo. O problema, como já dito, é a perda de tempo a que chegamos a conclusão ao perceber que esse filme não nos agrega em nada. Os últimos cinco minutos, que se ligam exatamente às construções tardias que o filme emprega tarde demais, consistem em nos criar expectativa para uma série, que esperemos não seja levada adiante. É um desfecho simpático para um filme que nem o merecia, mas que pode acabar se transformando em algo que igualmente já vimos, e que Charlize Theron nos proteja. 

Um grande momento

A última cena

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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