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Anemistiras

(Anemistiras, GRE, 2015)

Drama
Direção: Dimitris Bitos
Elenco: Giorgos Valais, Eirini Drakou, Danai Androulaki
Roteiro: Dimitris Bitos, Panagiotis Evangelidis
Duração: 90 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

É comum em filmes gregos atuais, uma estrutura estabelecida ser revirada e transformada em outra completamente diferente. As funções se deturpam e o poder acaba não tendo mãos certas. Em Anemistiras, que quer dizer ventilador em grego, é a filha que determina o jogo que deverá ser jogado no casamento de seus pais.

O casal passa por uma fase difícil, onde já não há conversa, respeito e a indiferença é o sentimento que mais se percebe na casa. Quem sofre com isso é a filha adolescente, que começa a demonstrar os sinais negativos do ambiente doméstico na escola e nos muitos passeios pela cidade. Uma hora ela resolve mudar esse jogo.

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A troca de papeis, nem tão diferente de muitas famílias que existem por aí, fica clara desde o primeiro momento do filme, quando uma câmera parada focaliza no rosto dos dois pais e uma menina, cujo rosto não conhecemos, determina como as coisas acontecerão dali pra frente.

Durante muito tempo, não temos ideia do que ela está fazendo para convencer os pais, mas desde que nos deparamos com a cena, sabemos que não deve ser uma coisa simples. Em busca dessa descoberta, vamos conhecendo a rotina do casal e de sua filha.

Com uma boa premissa, Dimitris Bitos parece ter dificuldade em distribuir o seu filme. A revelação acontece antes do tempo, tirando a força do muito restante que ele resolveu deixar para a conclusão. A sensação de “já devia ter acabado” é uma constante durante todo o terceiro ato. O uso da narrativa não-linear também não se justifica em todos os momentos e há passagens, como o encontro da mãe com a amiga, que simplesmente não precisariam existir.

Indo além da história e de sua formatação, o filme tem enquadramentos inspirados e cheios de criatividade, porém, se perde em uma vontade de ser ainda mais impressionante. O diretor, juntamente com seu diretor de fotografia, Stamatis Yannoulis, experimenta todos os tipos de ângulos e planos. É tanta coisa, que o resultado final fica cansativo e presunçoso demais. Sem falar que tanta invencionice visual, muita dela não justificada, enfraquece a história contada.

O filme tem suas qualidade, mas acaba se perdendo em seus defeitos e é muito menos do que poderia ser. Se tivesse se detido em contar a história da subversão de uma filha tentando ajustar o casamento dos pais, teria ido muito mais longe.

Um Grande Momento:
A primeira cena.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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