Crítica | Streaming e VoD

Alexander McQueen

(McQueen, GBR, 2018)

  • Gênero: Documentário
  • Direção: Ian Bonhôte, Peter Ettedgui
  • Roteiro: Peter Ettedgui
  • Duração: 108 minutos
  • Nota:

O encanto e a angústia de um gênio. O documentário McQueen busca condensar em suas quase duas horas a vida e a obra de um dos mais inventivos estilistas do mundo, Alexander McQueen. Unindo imagens do acervo pessoal do artista inglês, matérias jornalísticas, filmagens dos desfiles e entrevistas com colegas e amigos mais próximos, o longa encontra sei diferencial justamente por mesclar seu conteúdo às criações de Lee.

McQueen parte da infância difícil do estilista. Sério estudo formal ou dinheiro e desde muito novo desenhando vestidos, ele percorreu um tortuoso caminho, mas ainda assim fundamental, passando pela alfaiataria, por figurinos teatrais e trabalhos em Milão, até conseguir se graduar em Design de Moda no Central Saint Martin. Toda a primeira parte do filme é chapa-branca, mas isso vai se transformando, à medida em que a vida do documentado se transforma. 

Alexander McQueen (2018)

O caminho pelo ideário é feito de maneira gradual, em capítulos guiados pelos degraus da obra e pontuados pelas famosas caveiras. A marca de McQueen, uma mistura de dor, textura, cores, tristeza e beleza, vai encantando e perturbando ao mesmo tempo. Os diretores Ian Bonhôte e Peter Ettedgui sabem se aproveitar da potência dos desfiles, extremamente bem elaborados e executados, para pontuar sua história e tentar desvendar o criador. 

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E é impossível dissociar a obra de McQueen de sua vida. Se há um distanciamento no trabalho executado para a Givenchy em troca de dinheiro, o longa também se afasta – trazendo apenas a primeira coleção (a mais inventiva de todas) e algumas poucas obras – e vai buscar o trabalho mais visceral da marca própria Alexander McQueen. “Eu trabalho para a Givenchy para ganhar dinheiro para fazer a minha própria marca”, sempre falou o estilista. Dos desfiles mais simples aos mais elaborados, do ateliê de guerrilha às superproduções, não há como não se impressionar com tudo aquilo que se vê.

Alexander McQueen (2018)

Lee tinha um lema: “As pessoas não vão aos desfiles ver roupas, querem algo que desperte a sua imaginação” e Bonhôte e Ettedgui entendem isso, construindo seu filme em torno dessa crença. Às vezes se excedem nas cabeças falantes, às vezes se demoram em passagens menos proveitosas, mas têm, inegavelmente um ótimo material e sabem trabalhar com ele. 

Justo que um dos maiores tenha ganhado um filme que consegue entender toda a influência biográfica em sua obra, consiga trazer a ideia por trás da criação sem o ar didático que poderia ter, e apresente toda a perturbação e a beleza que só Lee McQueen conseguiu levar às passarelas. Se há um estilista que merece ser conhecido é ele, que, não à toa, levou mais de 600 mil pessoas em um único dia ao Metropolitan para conhecer suas criações em uma exposição póstuma, e foi o primeiro artista a fazer o tradicional museu ficar aberto até à meia-noite.

Um grande momento
Voss.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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