- Gênero: Aventura
- Direção: Mauro Lima
- Roteiro: Laura Malin
- Elenco: Letícia Braga, Anderson Lima, Pedro Henriques Motta, Nicole Orsini, Ronaldo Reis, Alexandra Richter, Klara Castanho, Rafael Cardoso, Perfeito Fortuna, Suely Franco, Alinne Moraes, Charles Myara, Claudia Netto, Débora Ozório, Lázaro Ramos
- Duração: 102 minutos
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O clubinho secreto dos detetives mirins que são vizinhos é uma das franquias mais longevas do país, galgando um lugar próximo ao Sítio do Pica Pau Amarelo, por exemplo. Começando como série de televisão, que abriu o sinal do Gloob em 2012, Os Detetives do Prédio Azul é adaptado da obra literária homônima de Flávia Lins e Silva (que é showrunner do programa e roteirista dos filmes) e narrava as aventuras cheias de mistério e magia vividas pelo trio original Mila, Tom e Capim.
Uma parte considerável das crianças e adolescentes que tinham entre 7 e 14 anos naquela época, cresceram junto com os detetives. Inclusive eles já estão na terceira geração – afinal, como em Harry Potter ou Stranger Things, os protagonistas crescem rápido! – mas nos cinemas, a trilogia com os detetives Bento, dono da capa amarela (Anderson Lima); Sol, dona da capa vermelha (Leticia Braga), e Pippo, dono da capa verde (Pedro Motta), é encerrada com Uma Aventura no Fim do Mundo, que entra em circuito nacional nessa semana. Uma produção Globo Filmes e Paris Filmes, esse terceiro filme traz não só os detetives maiores, saindo da infância – ainda mais quando se compara a como estão os atores hoje, quase três anos após terminadas as gravações – como uma escala maior em se tratando de locações, ambições dramatúrgicas, de produção e de efeitos especiais.
São muitas externas em contraponto a grande maioria de cenas feitas em estúdio – apenas no filme O Mistério Italiano houve locações, na região de Puglia, na Itália – e gravações desafiadoras, com o filme já abrindo numa sequência de balonismo. O fim do mundo fica especificamente no ponto mais ao Sul do nosso hemisfério, na Terra do Fogo, em Ushuaia, que tinha tido como produção O Regresso. A aposta em trabalhar num conceito de história mais desafiador parte de um lugar de conforto em relação ao público fiel dos detetives e também aos números de bilheteria dos filmes pregressos – O primeiro arrecadou 1,2 milhão e O Mistério Italiano fez 1,3 milhão nas bilheterias. Então, essa terceira parte traz não só os elementos com os quais já há familiaridade dentro do universo da franquia, como a presença do amado porteiro Severino (Ronaldo Reis, aqui com um papel mais destacado e desafiador, já que é o vilão da trama), da bruxa Leocádia (Claudia Netto), do mago Theobaldo (Charles Myara) e de Vó Berta em seu quadro falante (a maravilhosa Suely Franco), as participações especiais – destaque aqui para o mago Elergun de Lázaro Ramos e a dupla de feiticeiras malvadas Dubivora (Alexandra Ritcher) e Dunhoca (Klara Castanho), além da talentosa Nicole Orsini como a bruxinha Berenice que é o elo de ligação e continuidade com a série, servindo como a detetive honorária, dona da capa lilás.
Também estão em Detetives do Prédio Azul 3 – Uma Aventura no Fim do Mundo, Alinne Morais (Gertrudes) e Rafael Cardoso (comandante Téo), bem como atores mirins argentinos que vivem os Detetives de La Casa Naranja. E por trás das câmeras, das adições mais significativas para essa terceira aventura é o renomado especialista em CGI e VFX, Marco Prado, mas principalmente o cineasta Mauro Lima. Ele assume o comando após André Pellentz e Vivianne Jundi. E Lima, experimentado no cinema autoral e em projetos adultos com personagens controversos, trazendo nuances acinzentadas para um mundo criado em cores primárias.
Enquanto as apostas em Uma Aventura no Fim do Mundo são mais altas, as temperaturas baixas foram um desafio constante atrás das câmeras, mas também fonte de diversão para o elenco. E entre os riscos das travessias em meio a neve e pelas montanhas, Bento, Sol e Pippo são crianças acima de tudo; claro que também fica aparente que a intenção dos produtores era provocar, por meio dessa história, um engajamento grande com um público mais amplo em idade e também em gosto, fazer com que esse fosse um filme fácil de engajar crianças, mães e pais, sendo uma aventura repleta de referências feita para todas as idades. E com efeitos práticos e efeitos visuais bons, mas outros feitos com cenários 2D nem tanto – como na fábrica -, o filme tem um encanto que agrada fãs de ficção fantástica somado a características das histórias de detetives mais clássicas, inclusive usando um hangar e um trem como cenários – notória referência a obras de Agatha Christie e Dashiel Hammett .
Ainda que com um deslize ou outro no ritmo – talvez por uma necessidade dos roteiristas darem espaço qualitativo para todas as participações na história – no final das contas, a jornada de Bento, Sol, Pippo e Berenice é alimentada pelo senso de família, o amor e o companheirismo que unem a todos que vivem no prédio azul. O sentimento que perpassa os bastidores e se acentua ao longo desse Detetives do Prédio Azul 3 é ainda de celebração, já que o filme representa o reencontro com os fãs no cinema, a despedida de Anderson, Leticia e Pedro como detetives e os 10 anos da franquia e do canal Gloob.
Um grande momento
Na fábrica de doce de leite