Crítica | Streaming e VoD

A Chefinha

(Little, EUA, 2019)

  • Gênero: Comédia
  • Direção: Tina Gordon
  • Roteiro: Tina Gordon, Tracy Oliver
  • Elenco: Regina Hall, Issa Rae, Marsai Martin, Justin Hartley, Tracee Ellis Ross, Tone Bell, Mikey Day, JD McCrary, Tucker Meek, Thalia Tran, Marley Taylor
  • Duração: 109 minutos
  • Nota:

Entre as muitas estruturas pré-estabelecidas da comédia, tem uma que encontrou um caminho confortável e sempre funcional: a de reviver a própria história para aprender alguma lição. O esquema possibilita dois caminhos, o da troca de corpos, como nos filmes Sexta-Feira Muito Louca ou Se Eu Fosse Você, ou deslocamentos temporais para o passado ou o futuro, como Quero Ser Grande, De Repente 30 ou esse A Chefinha.

Dirigida por Tina Gordon, a comédia conta a história de Jordan Senders, uma menina que, depois de muito bullying na infância, transforma-se em uma mulher arrogante e chefe insuportável. No melhor estilo trato todo mundo mal antes que alguém faça isso comigo, ela vai colecionando relações baseadas no medo e no desprezo.

Issa Rae e Marsai Martin em A Chefinha (Little) 2019

A protagonista, em muitos exageros, é moldada para que exista a necessidade de uma transformação e de sua presença alterada no reviver desses traumas. Jordan é vivida por Regina Hall (Férias) e Massai Martin (Uma Noite de Loucuras) e, enquanto a primeira marca trejeitos e posturas, a segunda vem para zombar dessa figura.

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É impossível não destacar o trabalho de percepção e transmutação de Martin. Com apenas 14 anos e uma carreira que acumula dublagens e participações na TV, a jovem atriz rouba a cena, seja na imitação ou no tomar posse da personagem, transformando-a.

Outra que chama a atenção é Issa Rae (O Ódio que Você Semeia) como a secretária April Williams. Sem ser espalhafatosa, a atriz tem um ótimo timing cômico e consegue fazer rir sem muito esforço. A química entre ela e Martin é fundamental para segurar o filme, que tem vários percalços, com um roteiro batido e pouco interessado em suas personagens, escrito pela própria diretora com Tracy Oliver (que também é uma das que assina o roteiro do divertido Viagem das Garotas).

Não que faltem ótimas piadas baseadas na inversão de expectativa, principalmente em um cinema dominado por homens brancos, mas a construção de eventos, relações e até mesmo personalidades deixa a desejar. Ainda assim, A Chefinha é um filme que sabe se aproveitar do esquema que abraça e, além do bom elenco, equilibra-se bem com aquilo que se predispõe a fazer: ser um filme leve e divertido.

Um Grande Momento:
Cafeína retarda o desenvolvimento.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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