(La fille au bracelet, FRA, BEL, 2019)
Adaptação do suspense argentino Acusada, de Gonzalo Tobal, o filme de Stéphane Demoustier, A Garota com a Pulseira, é um interessante estudo sobre a persona. Menos preocupado em responder perguntas sobre o crime que estabelece sua dinâmica, o longa franco-belga mergulha em como o entorno recebe e percebe os sentimentos e reações de Lise aos acontecimentos.
A complexidade da escolha não transparece na tela. Com ares observacionais que lembram o cinema dardenniano, o longa vai se construindo na incerteza e força a interpretação mais usual, reiniciando o jogo a cada momento.
Ainda que tenha bons embates familiares, é mesmo mas cenas de tribunal que tem seu ponto mais forte. Embora mantenha o tradicional, o diretor sabe como posicionar sua câmera para ressaltar as duas meninas ali no banco dos réus: a Lise exterior, que se mostra a todos e é por eles julgada; e a interior, que tem poucas chances de aparecer.
O filme ainda toca em um ponto importantíssimo sobre responsabilidade/maturidade criminal, algo debatido no mundo todo. Questões como padronização do comportamento, noção de culpa e outras vêm à cabeça. Em meio a tantos dramas de tribunal desnecessários e vazios que se produzem por aí, A Garota com a Pulseira é, sem dúvida, uma grata surpresa.
Um Grande Momento:
Alegações finais.
[43ª Mostra de São Paulo]