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Amazônia: Sociedade Anônima

(Amazônia: Sociedade Anônima, BRA, 2019)
Nota  
  • Gênero: Documentário
  • Direção: Estevão Ciavatta
  • Roteiro: Estevão Ciavatta
  • Duração: 80 minutos

O negócio e a ganância estão por trás do maior crime ambiental do mundo. E ele está acontecendo bem aqui, debaixo do nosso nariz, mas a gente finge que não vê ou que vê mas “não pode fazer nada”. Amazônia Sociedade: Anônima faz uma radiografia da situação, busca lados opostos, expõe os interesses e traz a pior das expectativas. Logo na abertura, ainda na cartela preta com a comparação dos números de desmatamento pelos povos originários e os de hoje, a desesperança aparece e se mantém até o final.

Com muitas imagens da floresta amazônica, suas águas, sua fauna e flora, o documentário dá destaque aos indígenas do local, que são quem explicam o que é a floresta. O diretor Estevão Ciavatta não deixa de demonstrar a interferência cultural do homem branco nas comunidades e a força das tradições que ainda veem a natureza de uma outra forma.

Amazônia Sociedade Anônima

Bem tradicional do formato, usa depoimentos, grafismos e material jornalístico. Volta à construção da transamazônica, um dos maiores motivos para a disseminação da grilagem de terras e a multiplicação do desmatamento. Nada do que se vê é desconhecido, mas Amazônia: Sociedade Anônima explica como tudo isso se estabelece e como as pessoas se apossam das terras.

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O trabalho do Ibama na tentativa preservação e captura desses ladrões de terra e da organização criminosa por trás disso – que ninguém sabe como está hoje dia, com esse governo ati-preservação – ganha um destaque, com passagens que lembram o cinema de ação. Isso também está na participação dos indígenas na preservação e posse das suas próprias terras. Sem respostas do governo por 20 anos, eles partem em mutirão para a autodemarcação.

Amazônia Sociedade Anônima

A participação da Funai nos conflitos e a morosidade do processo se confundem com a falta de uma legislação específica contra aqueles que querem tomar a terra. As desculpas são muitas, como a construção de uma hidrelétrica, e são desculpas para outras ações exploratórias que trazem ainda mais destruição para a floresta e de seu povo nativo.

Amazônia: Sociedade Anônima expõe a trama de corrupção, mentiras, a complexa questão da sobrevivência ignorante e se estabelece muito bem. A mensagem é didática como precisa ser, pois é preciso que mais pessoas saibam o que e como acontece. Talvez assim seja impossível fingir que não está vendo ou virar a cara e fingir que outras questões são mais importantes, porque esse problema é de todos.

Um grande momento
Pelo rio, indo demarcar.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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