- Gênero: Romance
- Direção: Marçal Forés
- Roteiro: Eduard Sola
- Elenco: Clara Galle, Julio Peña, Hugo Arbues, Eric Masip, Pilar Castro, Ivan Lapadula, Andrea Chaparro, Lucy Chaparro, Emilia Lazo, Abel Folk
- Duração: 101 minutos
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A Netflix promove umas coisas muito aleatórias, e são muitos anos percebendo isso. A trilogia espanhola Através da Minha Janela é um desses casos, onde foram comprados os direitos de uma série de livros teen e a repercussão de público fez com que anualmente recebêssemos novos exemplares, independentes dos anteriores terem um padrão de qualidade abaixo da média. O novo, Através da Minha Janela 3: Olhos nos Olhos, encerra a história de Raquel e Ares da mesma maneira que exibiu os outros anteriores. Muita coisa pra contar, pouco tempo para desenvolver, um grupo de personagens que parece menos concentrado do que de fato é, e aqui parece que extrapolaram de vez. Creio que o sucesso que faz será responsável pela nova compra de futuras adaptações.
Marçal Forés está há três anos envolvido diretamente com essas filmagens, e agora esse ciclo se encerra exatamente como todos imaginavam, mas não sem antes trazer mais um bom punhado de lágrimas aos envolvidos. Não sei se me parece mais corrido agora que antes, porque essa é uma característica dessa série (e de grande parte das outras), a de parecer sempre que estamos assistindo a situações aos saltos. Mas Através da Minha Janela 3: Olhos nos Olhos me parece ter inflado seus personagens ainda de mais questões e acrescido um pouco mais de novos tipos. Ainda que exista um fã clube dos livros e de suas adaptações, me pergunto se esses mesmos fãs acham natural que tantas coisas sejam resolvidas em tão pouco tempo.
Desde a primeira produção, eu torço para que um dos núcleos da narrativa se desenvolva. Existe uma família bilionária no centro das atenções aqui, com três jovens herdeiros com questões amorosas de diferentes feições. Há dois anos atrás, torci para que aquele primeiro fosse centrado em Ares, para os seguintes pudessem olhar para Apolo e Artemis. Nunca aconteceu, e aqui em Através da Minha Janela 3: Olhos nos Olhos o grupo parece ainda mais enroscado em suas situações, o que permite a ascensão de algumas histórias e o declínio de outras, nunca parecendo equilibrado. Acompanhamos então tais personagens investirem no tempo de tela uns dos outros, e como sempre, uma história que quer contar três, acaba por não contar bem nenhuma.
Com isso, o que deveria ser a protagonista de Através da Minha Janela 3: Olhos nos Olhos, Raquel, assim como nos outros episódios, precisa dividir sua história com um bloco familiar inteiro, e isso a prejudica ainda mais do que aos outros. Temos sempre a impressão de que seu posto é roubado e que sua história atrapalha um conflito familiar que poderia ser muito mais interessante e abrangente do que realmente se apresenta. Uma história de amor que acaba por se mostrar refém de outras histórias igualmente de amor, onde cada um desses pares românticos acabam não tendo espaço de desenvolvimento para que possamos nos afeiçoar a seus integrantes. Dessa maneira, entra episódio e sai episódio, e aqueles dramas não parecem querer ser compreendidos.
Chegar ao final da trilogia, parece deixar no ar que talvez essa estrutura adotada pelos romances de Ariana Godoy era uma possibilidade rara de fazer algo de qualidade no streaming. Em seu lugar, criou-se mais uma decepção coletiva, onde várias histórias de possível qualidade foram abortadas coletivamente. Através da Minha Janela 3: Olhos nos Olhos têm em seu campo de adoração uma manta protetora que não o deixa enxergar a verdade, a de que um potencial enorme foi desperdiçado em prol da rapidez que essas adaptações promovem. Entregar títulos sem personalidade e que prendam por mais de um ano um público que só quer consumir novas histórias, sem raciocinar muito sobre o que poderiam estar acompanhando, se houvesse uma dedicação real.
São imbróglios amorosos, ao fim e ao cabo, que parecem girar em círculo para cair no mesmo lugar esperado de sempre. Não há qualquer sinal de autoria, mas o pior nem é ser genérico, e sim montar um grupo coral de histórias onde nenhuma delas tenha qualquer sinal de originalidade de nenhuma forma. Se a ideia era entregar exatamente o que se imaginava sem traço de emoção, Através da Minha Janela 3: Olhos nos Olhos, quanto a isso, não decepciona.
Um grande momento
O desfecho