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Gutland

(Gutland, LUX/BEL/ALE/FRA, 2017)
Suspense
Direção: Govinda Van Maele
Elenco: Vicky Krieps, Frederick Lau, Pit Bukowski, Leo Folschette, Gerdy Zint, Martine Kohn, Marco Lorenzini, Irina Blanaru, Franco Ariete, Christiane Hoffmann
Roteiro: Govinda Van Maele
Duração: 107 min.
Nota: 4 ★★★★☆☆☆☆☆☆

É na construção do suspense que Gutland tem o seu ponto mais alto. Trabalhando com o tempo, sem pressa alguma, vai desenvolvendo o seu misterioso protagonista Jens (Frederick Lau, de Victoria) e definindo a não menos misteriosa cidade onde ele aparece tardiamente buscando emprego. Com personagens curiosos – destaque para a instável Lucy (Vicky Krieps, de Trama Fantasma) – e uma constante lembrança de que há algo além daquilo que é mostrado, o filme consegue encontrar um caminho curioso.

Ambiente criado, a espera por revelações divide espaço com algumas boas cenas e diálogos. Govinda Van Maele demonstra uma preocupação muito grande com a estética, com ideias bastante inspiradas na construção dos planos.

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Porém, o roteiro, que contou com a supervisão de Răzvan Rădulescu (Instinto Materno), abre frentes demais a serem resolvidas. A origem de Jens, a história de Lucy, o comportamento dos novos amigos, o sumiço de George, entre outros, vão formando interrogações que, depois de tanto tempo de construção, precisam ser resolvidas rapidamente. O terço final de Gutland é frenético e nada tem a ver com aquele tempo tão trabalhado que se vira em seu começo.

Para complicar ainda mais, a sequência final tenta retomar inadequadamente esse tempo de observação, mas não se conecta em nada com o resto do filme. Entende-se o que quer mostrar, mas não tem qualquer necessidade de se estar ali por tanto tempo.

Um Grande Momento:
Correndo no milharal.

Próxima sessão na Mostra:
Dia 26, às 17h – CCSP Lima Barreto

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[42ª Mostra de São Paulo]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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