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Meu Novo Brinquedo

Cômico e social

(Le nouveau jouet, FRA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Comédia
  • Direção: James Huth
  • Roteiro: Jamel Debbouze, Mohamed Hamidi, James Huth
  • Elenco: Jamel Debbouze, Daniel Autueil, Simon Faliu, Alice Belaïdi, Anna Cervinka, Aton, Laurent Saint-Gérard, Salim Kissari
  • Duração: 105 minutos

Inspirado em um filme de Francis Veber de quase 50 anos atrás que gerou um remake já seis anos depois nos Estados Unidos, esse Meu Novo Brinquedo que estreia essa semana tem muitas âncoras, mas talvez a principal delas esteja no carisma e talento do seu trio de protagonistas, assim como nas outras versões. Mas hoje, a precarização do trabalho é um assunto tão óbvio a ser tratado, e que está em todas as rodas (porque, de alguma forma ou outra, enfrentamos nós mesmos essa crise), que o filme nasce com um sabor maior, que é o de discutir o que leva pessoas a serem compradas por outras. Mais do que a compra, hoje estamos de olho principalmente em se deixar vender, e no que podemos mudar a partir do momento em que nos vendemos. 

James Huth tem a cinessérie Brice, protagonizada por Jean Dujardin, como seu grande sucesso, mas esse novo filme foi muito bem na França nessa última temporada. Ainda que não alcance o frescor do original, aqui o senso de responsabilidade com as vozes que anteriormente não as tinham parece tirar da produção uma certa inocência. Isso se mostra quando Meu Novo Brinquedo parece embarcar em uma visão mais séria e crítica, e que acaba comprometendo o resultado na prática. Muitas vezes, não percebemos se o que está em cena é uma comédia com um toque de protesto atual, ou um drama que não consegue ser sisudo o suficiente para ser levado a sério. Entre uma coisa e outra, o título corre riscos. 

Seu olhar parece travado na direção de algo que o filme precisa alcançar, então faltam elementos para que a comédia entre de cabeça. Meu Novo Brinquedo não quer parecer politicamente correto, nem perder o espectador que faria do filme um sucesso com um discurso progressista. No lugar, temos esse filme que encontra um hibridismo a cara de 2023, que não pode incomodar ninguém mas ao mesmo tempo não cansa de cutucar. É uma escolha sempre arriscada, porque parece que não foi feita nenhuma, e o melhor lugar acaba sendo em cima do muro, que é o pior lugar onde se pode estar. Mas não podemos negar que todos os elementos estão dispostos, e o filme não foge de dar nome aos bois; só não é o suficiente. 

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O trabalho pesado é feito por Jamel Debbouze (melhor ator em Cannes por Dias de Glória, e O Fabuloso Destino de Amélie Poulain) e Daniel Auteuil (melhor ator em Cannes por O Oitavo Dia, e Caché), dois atores queridos e cheios de carisma, que conseguem nos transportar para as questões de cada personagem. Ao lado deles, a revelação Simon Faliu comanda a terceira parte do espetáculo, e talvez seja a mais difícil. Primeiro porque ele é criança, e segundo porque ele precisa ir de uma certa introspecção para um estado de euforia até chegar a um vislumbre de depressão, que o menino consegue orbitar com muita facilidade. A interação dele com os outros dois é o que transforma Meu Novo Brinquedo em um motivo plausível para sair de casa e conferir a comédia dramática. 

Um toque que não pode ficar de fora é o trabalho de direção de arte, efeitos visuais e o conceito de visagismo do filme. Meu Novo Brinquedo é um filme leve, sem maiores obrigações estéticas (ao menos não precisaria ser), mas em tempos onde uma certa grandiosidade é apresentada por roteiros e tratada de maneira muito suspeita pela realização, o que vemos aqui é bastante acima da média. Toda a grandiloquência que pediria a uma mansão típica de pessoas muito ricas está em cena aqui, com o trabalho de criação de cenários que funcionem como a realização dos desejos de Alexandre. Quando enfim precisa recriar também a zona menos abastada da produção, os profissionais igualmente acertam na mosca, e mostram que, a despeito de algum desacerto de tom do filme, os profissionais de cada área em particular trabalharam para o melhor resultado. 

Um grande momento

A casa da árvore

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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