(The Report, EUA, 2019)
O medo e a paranoia sempre foram ótimos métodos de governar e os Estados Unidos sabem bem disso. Encontrando oportunidades no caos para desenvolver seus métodos de controle social e repressão, ficaram conhecidos por vários desrespeitos aos direitos humanos. Um deles é o centro de O Relatório, filme de Scott Z. Burns sobre as técnicas de interrogatório da CIA a suspeitos liberadas após os atentados às Torres Gêmeas.
Com o pânico instalado e sem nenhuma supervisão, foi fácil instaurar a tortura como meio de coação para a determinação de culpados, contrariando qualquer legislação que preze pelos bem estar social, inclusive a própria Constituição norte-americana. O jogo político instaurado era complexo pela falta de responsáveis e pela leviandade com que era conduzido, os vestígios eram apagados, mas a trilha começou a ser investigada.
Muito centrado nos diálogos, o longa busca caminhos que relacionem a sua estrutura com a dificuldade de esclarecimentos enfrentada por seu protagonista, um visionário Daniel Jones, competentemente vivido por Adam Driver, mas não consegue ir muito além de uma estrutura protocolar, já muitas vezes vista em filmes de bastidores do poder.
Ainda que tenha alguns acertos pontuais aqui e ali, encontre a agilidade nos momentos cruciais, O Relatório seria melhor aproveitado se contasse com uma edição mais focada e se preocupasse menos com as excessivas e repetitivas explicações, por mais complexa que se seja a história que conta. A sensação é a de que não acredita na capacidade do público ou mesmo em sua capacidade de converter isso em um filme.
Um Grande Momento:
Passando para frente.
[43ª Mostra de São Paulo]