Crítica | Streaming e VoD

Klaus

(Klaus, ESP/GBR, 2019)
Animação
Direção: Sergio Pablos, Carlos Martínez López
Roteiro: Sergio Pablos, Jim Mahoney, Zach Lewis
Duração: 96 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

Como surgiram algumas tradições de Natal? Papai Noel, renas mágicas, trenó voador, presentes misteriosos em meias penduradas na lareira? E aquela risada peculiar do bom velhinho e sua entrada pela chaminé? Klaus, animação da Netflix, tenta responder de forma bem-humorada e divertida essas perguntas.

Tudo começa com um castigo dado ao filho mimado do dono da empresa de Correios na Inglaterra. O folgado Jasper quer vencer o pai pelo cansaço, tentando provar que não leva jeito para trabalhar e que o melhor a fazer é deixar que ele aproveite a vida luxuosa que a família pode lhe proporcionar.

Porém, o pai não se dá por vencido e, como última opção, exila o filho único em Smeersburg, ilha congelada perto do Círculo Ártico. Jasper deve conseguir entregar 6 mil cartas para que possa voltar para casa. A cidade é sombria, fria e violenta. Todo tempo de seus moradores é dedicado a brigas e ataques aos vizinhos. Com tanta “treta” não há tempo para mais nada. E, para desespero de Jasper, ninguém manda cartas nesse ambiente hostil.

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A sorte do playboy muda quando ele conhece o misterioso Klaus e juntos entregam um brinquedo para uma solitária criança do vilarejo. A partir de então, toda a dinâmica da cidade começa a se transformar. As crianças, querendo ganhar brinquedos, correm para mandar cartas, a escola abandonada é reaberta e a amarga professora Alva volta a querer ensinar. Jasper tem, enfim, a certeza que concluirá sua tarefa e poderá voltar para casa.

Klaus, de início, causa estranheza para quem está tão acostumado a assistir animações em 3D cheias de recursos tecnológicos. Sergio Pablos e Carlos Martínez López usam o 2D com tanta maestria que aquecem os corações nostálgicos dos amantes mais antigos de desenhos animados.

A beleza não é só visual, a animação nos lembra o poder da gentileza. A felicidade estampada no rosto de quem é presenteado também contagia quem presenteia. Participar do processo, estar conectado e motivado com as tarefas que desempenha, torna a jornada mais leve e feliz. Será que jornada e os aprendizados e relações que ela proporciona são mais relevantes que o resultado desejado?

Muitas vezes o propósito, o que nos faz sentir vivos, pode estar onde nem imaginamos. O apego ao conforto e a facilidade de estar habituado ao modo que vivemos nos impede enxergar possibilidades de felicidade e plenitude disponíveis em lugares desconhecidos.

Podia ser só mais uma animação de Natal, mas é Klaus!

Um Grande Momento:
“Um ato gentil de verdade sempre gera mais gentileza.”

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Fabiana Derzié

Fabiana Derzié é uma mãe jornalista tentando levar mais gentileza, beleza e amor ao mundo por meio da educação de seus pequenos. Apaixonada por arte e tudo que a envolve, se arrisca em poesias, textos existenciais, artesanatos, costura, pintura e o que mais possa permitir a expressão do que não é possível verbalizar. Voltando a cultivar sua paixão antiga pelo cinema escrevendo, escrevendo e escrevendo...
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