(Sweat, POL, SWE, 2020)
Imagine Gabriela Pugliesi expondo sua tristeza e solidão para seus 4 milhões de seguidores. Como essa mudança de postura, essa suposta fragilidade e humanidade vinda de uma das mais fervorosas propagadoras da “vida de plástico” perfeita e inalcançável no Instagram afetaria a virtualidade? Para quem não sabe, a brasileira é uma das grandes webcelebridades do segmento fitness, que diariamente expõe seu corpo e vida perfeitos na rede social. Partindo da premissa da exposição de uma instagramer, Sylwia que cansada de viver das aparências tem um momento de fragilidade, Sweat radiografa esse fenômeno tão contemporâneo e frequente nas mídias sociais.
Sofrendo de depressão ou de uma crise de consciência, a bela, loira, magra, mãe de pet e estridentemente positiva Sylwia é una simbiose de todas as blogueiras da moda, pessoas que aparentemente tentam tornar a vida de seus seguidores melhor disfarçando o vazio das própria vidas. Intercalando sequências frenéticas onde treina em grupos ou se apresenta em stories com cenas introspectivas e doloridas, que apontam para a rejeição materna ou a opressão machista, Sweat traz para a superfície as feiuras de um mundo feito de aparências, de curtidas e de uma felicidade volátil.
O filme de Magnus von Horn apresenta um clímax surpreendente, a partir da dinâmica entre Sylwia, o dançarino que a cobiça sexualmente e um stalker. Não querendo ser a história definitiva sobre o fato de que, no fundo no fundo, os seguidores significam mais para as influenciadoras do que o contrário, Sweat entretém e engaja bem mais do que 600k a partir da muito crível atuação de sua atriz principal.
Sweat se passa na Polônia mas podia totalmente ser no Brasil, apontando para a crise de consciência daquela que devia dar (bom exemplo) mas no auge da quarentena fez festas e aglomerações. O que Sylwia aprendeu da maneira mais dolorida e enfática e que Pugli passa longe de captar é a seguinte mensagem: “as pessoas fracas e patéticas são as mais bonitas.” Simples assim, sem filtros embelezadores da realidade.
Um grande momento
“As pessoas me aceitam do jeito e querem ver os bons e maus dias”