- Gênero: Comédia
- Direção: Roberto Santucci
- Roteiro: Paulo Cursino
- Elenco: Leandro Hassum,
- Duração: 110 minutos
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É muito bom quando uma comédia brasileira dessas bem comerciais foge da facilidade, é bem feita e funciona de verdade. Bom, esse não é o caso de Vizinhos. Pegando emprestado a ideia de filmes já feitos, como o relativamente recente Vizinhos (olha, o nome é o mesmo!), com Seth Rogens e Zac Efron, o filme apela para o humor besta, vai permeando sua trama com esquetes, e, por muitas vezes, causa mais tédio do que vontade de rir. O plot básico é o mesmo, mas a história muda e ganha, ainda bem, algum tempero brasileiro. Nela, Walter, um vendedor de loja de instrumentos musicais tem um colapso nervoso e precisa se mudar para um lugar tranquilo. Tudo está bem em sua casa de campo, até que seu vizinho, Toninho, volta de viagem, com seus ensaios de escola de samba, filhos barulhentos e um monte de animais.
Nada que acontece é inesperado, o que sempre é um problema. E Roberto Santucci, o diretor que se entregou às comédias que enchem seus bolsos, mais uma vez tem momentos inspirados quando se afasta do gênero, como quando seu protagonista sofre com a culpa pelo seu ato extremado. A aposta na mudança do tom, com a alteração da trilha, da iluminação e das atuações, com uma maior atenção à disposição em cena, embora batida em sua filmografia, é sempre um alívio. Pena que dure tão pouco. E dessa vez, o retorno ao que é mais fácil e rápido que estava ali antes, mesmo que aqui ainda busque umas ideias de câmera em primeira pessoa, é ainda pior.
Embora Vizinhos não comece tão mal, a impressão que fica é que o longa é um emaranhado mal costurado de situações. Há uma linha narrativa muito clara e até simples, mas falta uma organicamente em como se dão os eventos, e caímos naquele velho problema do formato de comédia que une números de humor que mais cabe a programas televisivos do que a filmes. Há algumas citações-homenagens a quadros e personagens, inclusive a uma conhecida esquete da internet com Julia Rabello, que está no filme como Joana, a esposa de Walter, que podem funcionar isoladamente, mas não servem ao todo. Outra citação é a A Praça é Nossa, com direito a imitação de Marcelo da Nóbrega, e a Paulinho Gogó, um dos personagens que costumam sentar no banco.
Paulinho ganhou um filme fraco dirigido por Santucci, que já havia trabalhado com Maurício Manfrini em Farofeiros. A fidelidade com atores é maior ainda com Leandro Hassum. O comediante e o diretor já estiveram juntos diversas vezes, a última delas, em Tudo Bem no Natal que Vem, também disponível na Netflix, filme bem superior, aliás. Ambos atores estão ali fazendo o que precisam e sabem, ora acertam, ora passam da conta, mas talvez não haja muito o que fazer se há uma ausência de limites que vem com essa convivência constante e se o roteiro de Paulo Cursino não seja exatamente aquela preciosidade de elaboração que dê margem para isso. Rebello e Nando Cunha são boas companhias, e embora Marlei Cevada funcione bem como Kelly e tenha momentos inspirados, os três também não têm como fugir disso.
No fim das contas, a experiência com Vizinhos é sofrível. Mais uma vez nos vemos diante de um longa que segue uma fórmula facilitada e que busca o riso fácil, algumas vezes por caminhos equivocados e outras sem sentido. Desconexo e desconectado, não chega muito longe e não cumpre aquilo que promete. Mas, ainda assim, deve fazer muita gente apertar o play e ficar ali até os créditos para acompanhar o samba enredo de Toninho. Uma bobagem que até podia ter sido boba e leve se levada de outra maneira e com um pouco mais de seriedade. Porque até para fazer comédia, é preciso que haja seriedade no projeto.
Um grande momento
O silêncio ao lado