- Gênero: Ação
- Direção: Martin Campbell
- Roteiro: Dario Scardapane
- Elenco: Liam Neeson, Guy Pearce, Taj Atwal, Harold Torres, Ray Fearon, Monica Bellucci, Ray Stevenson, Mia Sanchez, Daniel De Bourg, Natalie Anderson, Rebecca Calder, Scot Williams, Doug Rao, Atanas Srebrev, Lee Boardman
- Duração: 114 minutos
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Assistir a um novo título do Liam Neeson é como assistir a qualquer um dos últimos filmes de ação que o ator norte-irlandês fez nos últimos anos. Desde que viveu Bryan Mills pela primeira vez, um dos maiores ícones do gênero, lá em 2008, parece que o personagem está encruado em sua alma e se repete em tramas e trejeitos. Obviamente que os ambientes e a história do personagem são diferentes, nem sempre ele vai estar viajando a locais famosos pelo tráfico de mulheres para salvar a vida de sua filha sequestrada, mas vai ser sempre o cara durão perseguido por todos, sobrevivendo a tiros e lutas e dando conta de todo mundo.
Em Assassino Sem Rastro, ele é um matador de aluguel topo de linha que está querendo se aposentar, pois sua saúde está cada vez mais precária, mas é obrigado a aceitar um último trabalho em El Paso, sua cidade natal. Seguindo um padrão bem batido, o veterano diretor Martin Campbell o apresenta já em ação e, com muita trilha, closes e clichês, faz um apanhado rápido sobre o sujeito. A trama principal vai se construindo paralelamente, conduzida por um travado Guy Pearce, aqui vivendo um agente do FBI prestes a desbaratar uma rede de tráfico e corrupção de menores.
Os caminhos dos dois personagens se cruzam depois da segunda morte e os eventos indicam que os assassinatos encomendados levam sempre aos mesmo objetivo. Comunhão entre os lados por um bem maior, grandes esquemas de corrupção, envolvimentos afetivos que comprometem a execução do plano estão ali para cumprir tabela e realçar a sensação de “já estive aqui antes”. Para complicar, o repeteco também está no filme, uma daquelas refilmagens-cópias estadunidenses do longa belga Alzheimer Case, filmado de maneira muito mais interessante por Erik Von Looy no início dos anos 2000.
Campbell até tem uma filmografia de respeito no cinema de ação. Ele não só assinou 007 Contra GoldenEye como foi o responsável pelo recomeço da série do maior agente britânico nas telas com Cassino Royale, além de estar por trás do Zorro com Antonio Banderas no papel principal, e outros como Limite Vertical, A Fuga de Absolom, O Estrangeiro e por aí vai (prometo esquecer Lanterna Verde um dia), mas aqui segue no automático. O cineasta aposta alto na trilha e trabalha bem com a câmera ao lado do diretor de fotografia David Tattersall, mas não há nada ali que realmente deixe uma marca.
E a possibilidade existe, já que Assassino Sem Rastro tem a condição física do protagonista dando margem para isso. O deslocamento, porém, e um entorno frouxo e mal encaixado não ajudam e, se bobear, nesse ponto, até Pedro Peregrino soube aproveitar melhor a doença. Em Assassino Sem Rastro é como se os núcleos estivessem em filmes diferentes que não conseguem coexistir. Alex Lewis e o detetive Serra não podiam ser mais desconjuntados e seus intérpretes também estão em desequilíbrio com os personagens. Pearce não encontrou para onde ir e Neeson segue, como Campbell, no automático, sem entregar muito na única especificidade da persona do assassino que vive. E ainda há Monica Bellucci, coitada, num papel completamente fora do tempo e igualmente sem profundidade a ser trabalhada.
Falta muito para o filme se efetivar e realmente cativar quem o assiste. E é engraçado como é fácil perceber o título como um ponto na trajetória atual daquele que ilustra seu cartaz e em torno de quem a trama gira. A sensação que fica é a de que Neeson em suas atuações involuntárias, que repetem o já feito tantas vezes acaba aceitando produções que seguem o mesmo padrão. Cansaço, quem sabe; pode ser necessidade, talvez, mas o medo de desaparecer certamente está ali. A sorte do ator é que Assassino Sem Rastro vem logo depois de coisas como Na Mira do Perigo, Missão Resgate ou o pavoroso Agente das Sombras e, notoriamente, é bem melhor, ainda que fraco. Talvez, para aqueles que nunca ouviram falar do filme original, não estejam preocupados com nada, se proponham a não prestar muita atenção nos defeitos e já apertem o play com as expectativas baixas, seja até divertido.
Um grande momento
Corpo a corpo na garagem