- Gênero: Suspense
- Direção: Oriol Paulo
- Roteiro: Oriol Paulo, Guillem Clua
- Elenco: Bárbara Lennie, Eduard Fernández, Loreto Mauleón, Javier Beltrán, Pablo Derqui, Samuel Soler, Federico Aguado, Adelfa Calvo, Antonio Buíl
- Duração: 154 minutos
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Uma investigação em um hospital psiquiátrico. Essa não é a primeira e nem será a última vez que você verá isso no cinema. As Linhas Tortas de Deus, novo filme do catálogo da Netflix, volta ao mais tradicional do cinema de detetive para contar uma história que envolve a solução de um assassinato e os limites entre realidade e delírio causado por transtornos da mente. O que se vê são fatos que querem encobertos ou fantasias de alguém? Aqui, a detetive particular Alice é internada em uma casa de repouso para descobrir a verdade sobre uma morte atestada como suicídio.
O diretor Oriol Paulo, um amante de thrillers que já assinou títulos como O Corpo, Durante a Tormenta e Um Contratempo, demonstra mais uma vez habilidade na condução do suspense ao deixar o espectador elaborar soluções com as muitas pistas deixadas pelo caminho, mas sem certezas por boa parte do filme. Para isso, ele opta por trabalhar com duas linhas temporais distintas, uma que narra a investigação de Alice, a outra, um evento que envolve todos no local.
Além da aura familiar que sempre acompanha o gênero quando se tratam de produções de época, muito do que se vê vai remeter a títulos já vistos que se ambientam em asilos psiquiátricos, em especial A Cura ou Ilha do Medo, inclusive influenciando quem está assistindo a caminhos possíveis para a solução do mistério. Há similaridades visuais e alguns dos personagens se comportam da mesma forma, porém, As Linhas Tortas de Deus tem suas particularidades. Com roteiro do próprio Paulo com Guillem Clua, o filme é baseado na obra homônima de Torcuato Luca de Tena, que pode ser tida como a “mãe” dessa representação na ficção, e embora a adaptação não consiga tratar os personagens satélites com tanta atenção, ela estabelece bem as ligações entre eles.
Já Alice, no centro da trama, tem sua personalidade mais bem elaborada e a atuação de Bárbara Lennie (A Garota de Fogo) ajuda bastante nessa construção. O modo como a investigadora se transforma de acordo com os interlocutores e as transições entre arrogância, prepotência, empatia, confusão são fundamentais para o clima de incerteza que sustenta o filme. Não é apenas o que está por trás de uma morte ou a má administração do local, é a verdade sobre ela que torna-se a grande chave do filme e precisa ser descoberta.
E, mesmo com suas mais de 2h de duração, é fácil seguir em busca dessa solução, já que As Linhas Tortas de Deus preza pelo ritmo ágil e suas reviravoltas são eficientes. Ainda que não seja completamente supreendente, saber trabalhar com as pistas, dando espaço ao espectador, mas sem nunca deixá-lo totalmente seguro do que vai encontrar no final, é um dos grandes desafios do gênero que o longa consegue superar. Com uma produção de primeira linha — destaque aqui para os figurinos de Alberto Valcárcel (Presas no Paraíso) — e um elenco afiado com nomes como Eduard Fernández (O Homem das Mil Caras) e Pablo Derqui (Dois), essa é uma boa pedida para aqueles que gostam de filmes de suspense.
Um grande momento
A primeira conversa com Dr. Samuel Alvar
Achei o filme horroroso, uma cópia pífia de Ilha do medo.