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Caminhos Magnétykos

(Caminhos Magnétykos, POR/BRA, 2018)
Experimental
Direção: Edgar Pêra
Elenco: Dominique Pinon, Albano Jerónimo, Helena Ignez, Ney Matogrosso, Paulo Pires, Alba Baptista, António Durães, Paulo Pires, Manuel João Vieira, Teresa Ovídio
Roteiro: Edgar Pêra
Duração: 89 min.
Nota: 4 ★★★★☆☆☆☆☆☆

Novo delírio visual de Edgar Pêra (O Barão), Caminhos Magnétykos procura a distopia no futura para falar do presente político de Portugal. No filme, um pai preocupa-se com o destino da filha, simbolicamente chamada Catarina, que está prestes a se casar com um ricaço com amizades duvidosas. A preguiça e inação do pai e a histeria da mãe contrastam com a doçura da filha, assim como o cinismo de seu novo marido.

Para contar sua história Pêra escolhe um caminho repleto de luzes, cores e música bate-estaca. A velocidade dos créditos iniciais está presente na maior parte do filme. A sala de espera do público é o delírio visual, um sonho instalação, onde o pai apresenta-se.

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As muitas projeções, sobreposições e efeitos despertam a curiosidade, mas são excessivas para os 90 minutos de filme. Há um interesse na temática, que traz para o ambiente frenético questões como política e democracia, e, principalmente, na construção da distopia, onde todos os cidadãos são vigiados, há toque de recolher e “pensar é matar”.

Discussões sobre a inadequação espacial, a sensação de aprisionamento, o capitalismo como ficção social, a corrupção institucional, a resistência organizada e a repressão também estão no longa, em movimentos de causa e efeito, ou de atração simples, seguindo os caminhos magnéticos destacados no título.

Entre as curiosidades do longa está a representação do metafísico, quando a religião dá as caras, aqui com uma aura ritualística e como uma célula de resistência comandada pelo ator e cantor brasileiro Ney Matogrosso.

Ao fim e ao cabo, o que se vê é interessante, pela ousadia e pela experimentação, embora haja uma clara incongruência com todo o tom teatral dos longos monólogos e um exagero estético que mais distrai do que acrescenta. Porém, o que está por trás de tudo interessa bastante.

O retrato agitado tem traços muito próprios de Portugal, também da Europa, mas poderia ser a América do Sul, o Brasil, ou qualquer lugar do mundo. O caminho, malsucedido, é muito mais humano do que regional e acabou (acabará), com variações de tempo, sendo o mesmo para todos.

Um Grande Momento:
A rosa de Hiroshima.

Próximas sessões na Mostra:
Dia 27, às 18h15 – IMS Paulista
Dia 29, às 13h30 – Espaço Itaú Frei Caneca 5
Dia 30, às 20h20 – Marabá Playarte 4
Dia 31, às 19h – CCSP – Lima Barreto

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[42ª Mostra de São Paulo]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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