(Maria Luíza, BRA, 2019)
Maria Luiza foi a primeira mulher transexual a integrar os quadros das Forças Armadas Brasileiras. É possível conhecer um pouco de sua história desde antes da ressignificação até os dias de hoje por meio do documentário que leva seu nome, dirigido por Marcelo Díaz.
Narrado pela própria, o filme desvela várias nuances de sua vida alternando tomadas com ela, imagens de arquivo, entrevistas e criações fotográficas assinadas por Diego Bresani. Entre delicadeza, insegurança e muita coragem, o documentário vai tornando-se pequeno diante de toda a grandiosidade de sua personagem.
Alguns tropeços de montagem, com cortes e repetições, reforçam a ideia de que o filme é menor do que a própria Maria Luiza, mas não deixa de ser um caminho para que ela e sua imprescindível história de vida seja conhecida por todos, principalmente em um país intolerante como o Brasil.
A contraposição da intolerância com toda a doçura e força da personagem é o ponto principal do filme. Ouvir os meios relatos de sua detenção – não completamente revelados, mas facilmente presumidos – causa revolta e desespero. Principalmente quando se pensa que se vive em uma sociedade que apoia cegamente certas atitudes institucionais.
Maria Luiza, o doc, expõe a ferida e faz com que se olhe para um lado da questão desconhecido pela maioria da população. Há muito o que levar para a vida, seja em descoberta, empatia ou reafirmação. Maria Luiza, a mulher, abre-se ao público e é um prazer conhecê-la.
Um Grande Momento:
“Será que eu não vou poder ser realmente eu?”
[52º Festival de Brasília]