Crítica | Streaming e VoD

Sintonizados no Amor

Sedução tímida

(Midnight at the Magnolia, CAN, 2020)

  • Gênero: Comédia, Romance
  • Direção: Max McGuire
  • Roteiro: Carley Smale
  • Elenco: Natalie Hall, Evan Williams, Alison Brooks, Steve Cumyn, Hannah Gordon, Susan Hamann, Eldon Hunter, Victoria Maria, Dane O'Connor, Olivier Renaud
  • Duração: 87 minutos
  • Nota:

De uns tempos pra cá (muitos tempos, na verdade) a outrora sediadora de sucessos e clássicos Sessão da Tarde da Rede Globo vêm cruzando títulos substanciosos, de grife e de sucesso, com exemplares popularescos de nenhuma relevância> Filmes de temática religiosa ou produções para a TV a cabo sem qualquer textura cinematográfica ou atores minimamente conhecidos dão as caras como se fossem ansiadas pelo espectador. O começo de Sintonizados no Amor nos dá a impressão de que esse tipo de produção está começando, mas esse novo sucesso distribuído pela Netflix têm lá sua dose de carisma e sedução.

Trata-se de um produto extremamente modesto, é verdade, daqueles onde o requinte dos valores empregados não dá as caras esteticamente, e o filme não imediatamente se mostra eficiente em conquistar seu público – esse sim, o típico que tem feito hits da plataforma como Amor Garantido e Amor com Data Marcada. Mas se vencer os primeiros 20 minutos onde uma certa artificialidade ronda inclusive as relações humanas e se escapam aqui e ali uma dificuldade em estabelecer seu mote e se fazer claro, logo o filme dá uma guinada e chega a propor inclusive uma breve reflexão sobre como lidar com o culto às celebridades.

Nesse quesito, é preciso observar como seus protagonistas, um casal de jovens radialistas de sucesso local, precisam compreender um avanço em suas carreiras, que os levará a uma exposição inédita, não pretendida e até invasiva – valeria a pena ocultar a verdade quando se notabilizou pelo contrário, para alcançar um patamar profissional seguinte? Pode parecer uma discussão de valores datada, mas em uma sociedade onde essa questão parece nascer vencida é necessário abordar essa questão, ainda que de maneira rasa e sem apresentar um debate amplo, ainda parece oportuna.

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Sintonizados no Amor

O currículo de Max McGuire é repleta de irrelevantes longas que em comum têm o fato da maioria se ambientar nas festas de fim de ano familiares (aqui, o reveillon). Assim como o roteiro de Carley Smale, nada foi feito com o intuito de rebuscar situações ou explorar camadas muito abrangentes mesmo dentro do universo da comédia romântica, apenas pintando um quadro geral agradável como um todo. Não há muitos personagens em Sintonizados no Amor, e entre eles não há muita elaboração psicológica, é tudo muito sem rodeios, o que acaba sendo eficiente para não criar expectativas quando o filme encorpar.

Sem o espectador perceber, o que parecia um filme descartável e até rasteiro se não evolui para qualquer sofisticação, ao menos é enredado por um casal que, calmamente, consegue nos fazer conectar à sua história de amor, marcada por uma comodidade em não perder o pouco que se tem. Anos de sentimentos reprimidos pela incerteza de encarar o desafio de tentar ser feliz. Ao viverem ambos em um universo de proximidade mútua, Maggie e Jack aprenderam a dissimular o que sempre sentiram um pelo outro; aos poucos, entendem que o risco faz bem.

Ao final de sessão, os defeitos se dissipam (mas não se desaparecem) e acabam deixando transparecer suas armas, que são os carismáticos Natalie Hall e Evan Williams, que acabam nos convencendo das verdades de seus personagens. Para um filme que busca do espectador o comprometimento e a torcida por um casal, Sintonizados no Amor cumpre sua função ao deixar um sorriso no rosto do espectador ao seu término.

Um grande momento
Flagrados na rádio

Ver “Sintonizados no Amor” no Netflix

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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