Crítica | Streaming e VoD

O Assassino Perfeito

Perfeitamente igual

(The Enforcer, EUA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Policial
  • Direção: Richard Hughes
  • Roteiro: W. Peter Iliff
  • Elenco: Antonio Banderas, Mojean Aria, Kate Bosworth, Alexis Ren, Zolee Griggs, 2 Chainz, Aaron Cohen
  • Duração: 84 minutos

Uma abertura instigante, que nos abre um caminho diferente dentro do que esperávamos, mostra que O Assassino Perfeito poderia ir para um outro lugar, mais desafiador e menos chapado, mais vivo do que termina por ir. Ao nos apresentar o protagonista, o filme mostra que a abertura foi quase um acidente de percurso; esse sucesso inconteste do Prime Video na verdade é uma produção genérica com pouco espaço para um respiro de novidade. Em um momento onde grande parte do que é lançado não fica 24 horas com seu público, aqui temos a quintessência dessa máxima, uma ideia cansativa e com muito mais a dever do que a ofertar. A não ser que trate-se de um espectador bem pouco exigente e com algum apreço pelo cinema de ação, os outros acabarão por se decepcionar. 

Ao mesmo tempo, de onde viria a decepção de um filme chamado O Assassino Perfeito, estrelado por Antonio Banderas e vindo de uma plataforma de streaming? Das duas, uma: ou uma grande surpresa inesperada faria com que descobríssemos algo verdadeiramente precioso, ou o que se imaginava seria confirmado, ou seja, esse título que está aqui. Uma verdadeira colcha de retalhos de tantas produções, o título é mais uma produção a abordar relações paternas entre um bandido e seu “estagiário”, ambos envolvidos amorosamente e precisando sair de sua zona de conforto. Não há muito mais o que explorar aqui, a não ser o fato de seguirmos acompanhando esse roteiro que não tem qualquer intenção de soar menos antiquado. 

O Assassino Perfeito
Millennium Media

O sucesso de algo como O Assassino Perfeito carrega algumas validações para o cinema que é produzido diretamente para o streaming, e seu público a que é destinado. Um astro que já foi sinônimo de retorno garantido como Banderas, não tem mais apelo no cinema comercial, enquanto o espectador que está acostumado ao conforto do lar ainda o tem em alta conta, e o seu nome justifica esse retorno de audiência. O cinema feito para ‘home video’ já ocupava esse lugar de proteção a quem não está mais em blockbusters cinematográficos, e os exemplos surgem a cada mês. A segurança da trama, que não é nada muito exigente, é outra forma de não exigir muito além dessa zona reconhecível, que remete a muitos cinemas já feitos, por Liam Neeson, Gerard Butler, e tantos outros. 

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A produção é a primeira em longa metragem do inexperiente Richard Hughes, que não inventa nada – cada cena parece já ter sido vista, e pouca coisa ficará na memória após a duração curta. À margem desse campo principal, é Stray que acaba por interessar mais. Interpretado por Mojean Aria (de Caminhos da Memória), o personagem não é explorado como poderia, apesar de ser co-protagonista, mas sua parte na narrativa interessa muito mais a quem procura algo menos óbvio em cima da mesa. Sua tentativa de romance tem sabor, suas atividades prévias são mais interessantes, seria dele o olhar que eleva o pouco que a produção consegue. Infelizmente não há dedicação suficiente para que isso transforme todo o quadro, apenas um respiro mínimo de qualidade. 

O Assassino Perfeito
Millennium Media

O único problema verdadeiro com O Assassino Perfeito é imenso, e difícil de contornar: quem ainda se interessa por uma história tão batida, sem qualquer maiores questões sendo levantadas, que repete de outros títulos tudo que deveríamos apreciar? Os já citados Neeson e Butler lançam cada um pelo menos dois filmes idênticos todo ano, onde aqui e ali alguma novidade sai, mas que não os absolvem. Esse aqui é um prato difícil de chegar ao fim porque a cada curva, vemos uma nova passagem onde tudo permanece igual. E nem tecnicamente o filme fornece qualquer tipo de avanço, mostrando que devemos ficar atentos com o que nos oferece o streaming. E que grandes astros como Banderas não devem se acomodar com a falta de oportunidade e aceitar algo tão insípido quanto isso. 

Um grande momento

A cena de abertura

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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2 Comentários
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Ewerton Saavedra
Ewerton Saavedra
18/09/2023 01:47

Um ótimo de ação “lado b”. Não acredite no que os “críticos wokes de internet” avaliam. O filme é bom. Não é um filme que se propõe a ser “genial” (e nem precisa – filme de ação é isso aí), mas é bem competente como um filme de ação simples. Roteiro enxuto, sem representatividade forçada. Antonio Banderas continua sendo um expoente dos filmes de ação, com muito sangue e um carro maravilhoso de que seu codinome deriva. O final é bem legal também.

Ana
Ana
17/08/2023 01:14

Concordo

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