(Papicha, FRA, ALG, BEL, QAT, 2019)
Nedjma. A mente pulsante e vivaz por trás de Papicha, um sonho partilhado por ela com outras meninas que vivem no campus universitário – que mais parece um internato de tão opressivo e vigiado. Sonhando em ser design de moda, ela ignora desde os pedidos do namorado para que se casem e saiam da Argélia, como o apelo das mulheres mais velhas para que use o hijab (véu) e chame menos atenção para si.
Com delicadeza e absoluto controle artístico Mounia Meddour faz um filme passado na década de 90 que é extremamente urgente por se deter nas vicissitudes da vida de mulheres que são oprimidas em sociedades arcaicas.

Lyna Khoudri brilha como Nedjma, se rebelando contra todos e ainda soprando esperança no peito das companheiras universitárias como na cena do desfile de moda que é catártica ao mesmo tempo em que é assustadora.
Papicha traz momentos belíssimos de companheirismo entre aquelas meninas ao mesmo tempo em que as mostra em situações terríveis de abuso e violência sexuais, morais que vão formando uma cadeia de ações que eclode na guerra civil argelina. Algumas companheiras ficam pelo caminho, outras se unem e se fortificam ainda mais para frutificar um sentimento de inconformidade e revolução.
Papicha já estreou no projeto Cinépolis/Caixa de Pandora e deve ser visto e revisto como uma janela para espiar o mundo exterior e interior.
Um Grande Momento:
O banho na praia.
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