Entrevista

A força do pop e da amizade em Guerreiras do K-pop

Em coletiva virtual, o elenco e a equipe criativa de Guerreiras do K-pop celebraram o sucesso inesperado do longa e refletiram sobre a mistura de humor, emoção e representatividade que transformou a animação em um fenômeno mundial. A conversa reuniu as diretoras Maggie Kang e Chris Appelhans, além das cantoras Ejae, Audrey Nuna e Rei Ami, vozes das protagonistas do grupo Huntr/x.

O filme, que já ultrapassou três meses no topo das listas de audiência, combina ação, música e mitologia coreana em uma história sobre idols que também são caçadoras de demônios, uma metáfora divertida e emocional sobre identidade e aceitação. O sucesso da trilha sonora, liderada por “Golden” reforçou a força da obra.

“Foi como assistir um filho crescendo sozinho”, brincou Maggie Kang, sobre a recepção do público. “A gente esperava que o filme encontrasse seu público, mas ver essa resposta foi algo muito além.” Para Chris Appelhans, o resultado veio da espontaneidade e da conexão com os fãs: “A melhor divulgação que poderíamos ter veio deles. A paixão e o carinho dos fãs criaram algo maior do que a gente imaginava.”

Entre risadas, as intérpretes das vozes originais contaram que estão ensaiando para a primeira apresentação ao vivo da música “Golden”. Ejae, compositora e intérprete da faixa, revelou que a melodia surgiu de forma inusitada: “Foi a caminho do dentista, acredita? E o mais louco é que naquele dia eu ganhei um preenchimento dourado. Parecia um sinal.”

A artista, que também recebeu mensagens de fãs dizendo que a trilha “salvou vidas”, se emocionou ao lembrar o poder da música: “Quando alguém me escreve dizendo que voltou a sorrir por causa do filme, é impossível não se comover.”

Para Rei Ami, o processo foi igualmente transformador. Ela contou que algumas canções exigiram um mergulho emocional intenso: “Tive de me despir de toda a persona confiante e olhar pra dentro. Foi difícil, mas também libertador.” Já Audrey Nuna destacou a importância da identificação: “Essa é a animação que a versão de sete anos de mim precisava ver. Ver personagens coreanas complexas, humanas, foi algo que eu esperei a vida inteira.”

As diretoras, que dividiram a condução do projeto com o estúdio da Sony, disseram ter pensado o filme como uma carta de amor à cultura pop coreana e à relação entre fãs e artistas. “O K-pop é sobre conexão. Queríamos que isso fosse parte da mitologia do filme: essa força que nasce do vínculo entre quem canta e quem ouve”, explicou Kang.

Mas a diretora também ressaltou que, por trás do espetáculo, havia um desejo de mostrar algo raramente retratado: mulheres sendo engraçadas. “Sempre vi resistência em deixar personagens femininas serem as mais bobas da história. Aqui, quis que todas fossem. Ser engraçada exige coragem. É um tipo de poder.”

Ao fim da conversa, quando perguntadas se a arte pode salvar o mundo, Rei Ami respondeu com sinceridade: “Acho que sim. Esse filme salvou muitas vidas, inclusive a minha.” E Audrey completou: “A arte nos conecta. Nos lembra que, apesar de todas as diferenças, estamos todos nessa mesma loucura chamada vida.”

Guerreiras do K-pop está disponível na Netflix, com trilha sonora nas plataformas digitais.

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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