Crítica | Festival

Namorando em Nova York

Mais do mesmo

(Dating & New York, EUA, 2021)
Nota  
  • Gênero: Comédia, Romance
  • Direção: Jonah Feingold
  • Roteiro: Jonah Feingold
  • Elenco: Jerry Ferrara, Francesca Reale, Arturo Castro, Jaboukie Young-White, Taylor Hill, Alex Moffat, Catherine Cohen, Jonah Feingold
  • Duração: 91 minutos

Contado em forma de conto de fadas, Namorando em Nova York, dirigido por Jonah Feingold e estrelado por Francesca Reale, Jaboukie Yong-White e Jerry Ferrara, foca na história central do casal jovem Wendy (Reale) e Milo (Young-White), que decidem ter uma relação sem compromisso e, para isso, assinam um contrato. A ideia do filme passa longe de ser original, já que o número de filmes com esse tipo de roteiro (relação sem compromisso que vira romance real) é enorme e, talvez, com razão: as pessoas realmente se apaixonam quando passam muito tempo juntas, ainda mais se puderem ser elas mesmas.

O contrato permite que ambos os contratantes sejam eles mesmos, livres para curtir a solteirice, porém sem a parte da solidão que ela causa, o que lembra desde Amor com Data Marcada, com o contrato verbal de só ficar juntos em feriados, até A Proposta, em que o contrato garantia um aumento salarial ao homem e a não deportação da mulher.

A ideia do diretor de aproximar o filme dos jovens, apresentando os protagonistas como dois millenials, que têm os mesmos comportamentos e problemas que a maioria de nós — como, por exemplo, a necessidade de checar o telefone no meio de um date; ou a sensação de que só vamos encontrar alguém em um aplicativo — é boa, mas não chega a ser um fator que aumente a estima pela história batida.

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Dating & New York
Cortesia Tribeca Festival

A personagem de Wendy não é muito bem explorada. Embora algumas passagens indiquem a tentativa de aprofundamento para demonstrar o que sente, ela não deixa de ser uma personagem com poucas informações, enquanto Milo ganha os holofotes quando o roteiro demonstra, além de seus sentimentos, o trabalho que ele exerce e seus diálogos com o melhor amigo.

Com o foco esteja nesse casal principal, é inegável que as atuações não são tão boas e nem cativam o sentimento, como as de Natalie Portman e Ashton Kutcher no filme Amor Sem Compromisso, de mesma temática, e essa ausência de vínculo com os personagens atrapalha o envolvimento com o enredo que, por si, já é cansativo.

Peço, desde já, desculpas pelo excesso de comparações com longas de mesma temática, mas é inegável a frustração e decepção quando percebemos que Namorando em Nova York se trata de mais do mesmo, sem nada de especial a acrescentar. Para não ser injusta, posso dizer que é possível verificar algumas pitadas de inovação para além da apresentação de millenials, como, por exemplo, a presença de um narrador-personagem, que estava dentro do filme, presenciando todo o desenrolar do amor do casal diariamente, o que também não é nenhuma novidade cinematográfica, mas deixa o enredo mais divertido.

Namorando em Nova York
Cortesia Tribeca Festival

Para além disso, o casal de melhores amigos do casal principal desenvolve seu próprio romance clichê, o que, óbvia e previsivelmente, deixa o casal principal pensativo acerca de sua própria relação e, além disso, direciona o público à conclusão de que a relação monogâmica seria a única opção viável à felicidade daquele jovem casal. A atuação do casal de amigos Hank (Brian Muller) e Jessie (Catherine Cohen) não pôde ser muito explorada, mas aparenta, pelos poucos momentos, não ser muito diferente da dos protagonistas: levemente insossa.

Por fim, ressalto a indignação pelo apego à monogamia em um filme que, claramente, fala de millenials e dessa geração da qual faço parte, onde já não faz mais sentido se cobrar um relacionamento fechado e padronizado para que se alcance a felicidade enquanto casal.

Durante o longa todo aguardei a reviravolta, o momento de tensão, a inovação em relação a todos os outros, mas é apenas mais do mesmo com um casal jovem da atualidade o protagonizando. O cenário é cativante e o narrador porteiro também tem seu charme, além de da estética bonita, que ajudam a manter o foco em Namorando em Nova York, apesar de já se conhecer a história.

Um grande momento
Discussão na sorveteria

[2021 Tribeca Film Festival]

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Daniela Strieder

Advogada e ioguim, Daniela está sempre com a cabeça nas nuvens, criando e inventando histórias, mas não deixa de ter os pés na terra. Fã de cinema desde pequenina, tem um fraco por trilhas sonoras.
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