Oscar

Oscar 2019: apostas e desejos

Hoje é dia de Oscar: aquele prêmio no qual a gente não queria prestar tanta atenção, mas que ocupa quase todo o começo do ano de quem escreve sobre cinema, seja na busca pelos filmes, nos textos escritos e nas muitas conversas que acabam sempre chegando no tema.

Promovido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, está há anos repetindo resultados de muito lobby, intenções mercadológicas e nem sempre premiando aqueles que são os melhores da temporada. Mas as promessas de não assistir mais à cerimônia duram, no máximo, uns dez meses. Conheço tanto a promessa quanto a dela. Mal chega outubro, nos festivais do Rio e São Paulo, eu começo a procurar por possíveis presenças e, depois que passa o anúncio dos indicados, a corrida por tudo aquilo que ainda não vi.

Roma, de Alfonso Cuarón

Esta edição está um pouco diferente daquelas outras até aqui. Não que o lobby não tenha tido a sua influência, é claro, mas os muitos novos votantes da Academia fizeram algumas novidades aparecerem em contraposição ao marasmo de antigas escolhas. Outras nacionalidades infiltraram-se em categorias muito caras, como a de direção, e são maioria esse ano. A Netflix, embora enfrente uma forte campanha contra ela, marcou presença nas indicações, conseguindo que dois de seus filmes mais importantes do ano, Roma e A Balada de Buster Scruggs, aparecessem na lista.

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Com uma lista um pouco diferente, mas ainda cheia de filmes padrão, há uma melhora na representatividade dos negros, mas ainda não há muitas mulheres. Como sempre, tem aquela coisa de indicações que buscam reparar injustiças históricas, como o caso de Spike Lee na direção e de Glenn Close em melhor atriz. E tem, agora como inovação, uma certa imprevisibilidade pelo grande número de novos votantes e suas ainda desconhecidas preferências. Óbvio que a campanha foi intensa, contra e a favor, mas, pela primeira vez, alguma surpresa pode realmente acontecer.

A Balada de Buster Scruggs, de Joel e Ethan Coen

Vamos agora aos chutes (as categorias de melhor curta em live action e melhor maquiagem não foram consideradas porque eu não vi todos os filmes):

Melhor Filme
Quem deve ganhar: Roma
Ainda que a campanha pela não premiação de um filme distribuído por uma plataforma de streaming seja intensa, outros resultados indicam que ele é o favorito, mas pode dar Green Book: O Guia
Quem eu gostaria que ganhasse: Infiltrado na Klan
Para mim é o mais significativo filme da lista, mas também não ficaria triste se fosse para A Favorita

Melhor Direção
Quem deve ganhar: Alfonso Cuarón, por Roma
Quem eu gostaria que ganhasse: Spike Lee, por Infiltrado na Klan

Melhor Atriz
Quem deve ganhar: Glenn Close, por A Esposa
Quem eu gostaria que ganhasse: Olivia Colman, por A Favorita

Melhor Ator
Quem deve ganhar: Rami Malek, por Bohemian Rhapsody
Quem eu gostaria que ganhasse: Christian Bale, por Vice

Melhor Atriz Coadjuvante
Quem deve ganhar: Regina King, por Se a Rua Beale Falasse
Quem eu gostaria que ganhasse: Rachel Weiz, por A Favorita

Melhor Ator Coadjuvante
Quem deve ganhar: Mahershala Ali, por Green Book: O Guia
Quem eu gostaria que ganhasse: Adam Driver, por Infiltrado na Klan

Melhor Roteiro Adaptado
Quem deve ganhar: Poderia Me Perdoar?
Quem eu gostaria que ganhasse: Infiltrado na Klan

Melhor Roteiro Original
Quem deve ganhar: A Favorita
Quem eu gostaria que ganhasse: Fé Corrompida

Melhor Montagem
Quem deve ganhar: Vice
Quem eu gostaria que ganhasse: A Favorita

Melhor Filme Estrangeiro
Quem deve ganhar: Roma
Quem eu gostaria que ganhasse: Assunto de Família

Melhor Animação
Quem deve ganhar: Homem-Aranha no Aranhaverso
Quem eu gostaria que ganhasse: Ilha dos Cachorros

Melhor Fotografia
Quem deve ganhar: Roma
Quem eu gostaria que ganhasse: Guerra Fria

Melhor Desenho de Produção
Quem deve ganhar: Pantera Negra
Quem eu gostaria que ganhasse: A Favorita

Melhor Figurino
Quem deve ganhar: Pantera Negra
Quem eu gostaria que ganhasse: A Favorita

Melhor Trilha Musical Original
Quem deve ganhar: Ilha dos Cachorros
Quem eu gostaria que ganhasse: Ilha dos Cachorros

Melhor Canção Original
Quem deve ganhar: “Shallow”, de Nasce uma Estrela
Quem eu gostaria que ganhasse: “When A Cowboy Trades His Spurs For Wings”, de A Balada de Buster Scruggs

Melhores Efeitos Visuais
Quem deve ganhar: O Primeiro Homem
Quem eu gostaria que ganhasse: Jogador Nº 1

Melhor Mixagem de Som
Quem deve ganhar: Bohemian Rhapsody
Quem eu gostaria que ganhasse: Bohemian Rhapsody

Melhor Edição Som
Quem deve ganhar: O Primeiro Homem
Quem eu gostaria que ganhasse: Um Lugar Silencioso

Melhor Curta de Animação
Quem deve ganhar: Bao
Quem eu gostaria que ganhasse: Late Afternoon

Melhor Curta Documentário
Quem deve ganhar: Lifeboat
Quem eu gostaria que ganhasse: Black Sheep

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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